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O Lucifer chega ao seu terceiro disco equilibrando os
dois lados de sua personalidade. Enquanto o primeiro álbum, lançado em 2015,
apresentou uma sonoridade doom embebida em doses nadas discretas de psicodelia,
o segundo, que saiu em 2018, contou com o toque pessoal de Nicke Andersson na
construção de um hard rock que manteve a grande influência dos anos 1970, porém
com doses enormes de melodia e acessibilidade.
Lucifer III, lançado na Europa dia 20 de março e logo em
seguida aqui no Brasil pela Hellion Records, dosa melhor esses dois aspectos. As
nove canções vão de sons pesados a calmos, sempre com detalhes bem pensados e
uma forte dose de feeling. As letras seguem abordando temas sombrios e,
unidas ao som que parte do doom para chegar em caminhos próprios, fazem com que a
banda possa ser enquadrada na cena do occult rock, agradando apreciadores de
nomes conhecidos como Ghost e cultuados como o Blood Ceremony. Além disso, as guitarras vão da sempre bem-vinda inspiração em Tony Iommi e no
Black Sabbath até outras referências clássicas, em um trabalho de destaque
feito pela dupla Martin Nordin e Linus Björklund - o baixo ficou a cargo de
Harald Göthblad.
A vocalista Johanna Sadonis sempre foi o grande destaque
do Lucifer, e segue com o protagonismo nesse terceiro capítulo. Sua voz é
grave e extremamente afinada, e ela sabe interpretar e imprimir nuances
variadas às composições, indo da malícia a agressividade, da sensualidade a energia. Nicke, que é também seu marido, aqui ficou apenas com a bateria (no
álbum anterior ele havia também gravado as guitarras em estúdio) e o seu dom sobrenatural para as composições, já testado e aprovado no The Hellacopters e no Imperial
State Electric. A produção traz uma sonoridade suja e densa, com riffs
espessos e uma mixagem que manteve a vivacidade da banda.
Os destaque vão para a abertura com “Ghosts”, a
cadenciada e cheia de feeling “Midnight Demons”, a cativante “Lucifer”, “Pacific
Blues” (com o melhor vocal de Johanna em todo o disco), a estradeira “Flanked
by Snakes” e a linda balada “Cemetery Eyes”, que fecha o disco. E quando um
álbum com nove canções tem seis delas apontadas como destaques, está na cara
que trata-se de um disco que merece a audição.
Vale mencionar também a lida capa, que traz uma
ilustração do artista inglês Graham Humphreys, famoso por criar cartazes para
filmes icônicos de terror como The Evil Dead e série A Hora do Pesadelo.
A primeira prensagem da Hellion Records é limitada a 300
cópias e vem com um slipcase e um pôster exclusivo, mostrando o quando a
gravadora paulista acredita no potencial do Lucifer. E, sinceramente, basta ter
contato com a música dos suecos para entender o porque.
Grande álbum, grande banda: ouça e compre já!
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Muito bom disco
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