Review: The Night Flight Orchestra – Aeromantic (2020)


Quando o The Night Flight Orchestra surgiu na Suécia, no início da década passada, muitos certamente acreditaram que se trataria de apenas mais um dos vários projetos paralelos de Björn "Speed" Strid, mundialmente conhecido pelo seu trabalho como vocalista do Soilwork. Ele já participou de bandas similares no passado – tais como o Highball Shooters – e como a maioria desses projetos tendeu a cair na obscuridade, muitos também não poderiam imaginar que esse não apenas se tornaria bem sucedido como também superaria a marca de quatro álbuns de estúdio, além de se tornar uma certa referência quando o assunto é bandas novas que baseiam o seu som num estilo que já foi popular no passado. E cá em 2020 estamos diante de seu quinto registro, Aeromantic.

 

Mantendo a mesma formação dos álbuns anteriores – que inclui o guitarrista David Andersson (também membro do Soilwork, e principal compositor por aqui), o baixista Sharlee D'Angelo (mais conhecido pelo seu trabalho no Arch Enemy, também integrante do Spiritual Beggars) e o acréscimo das Airline Annas (as backing vocals Anna-Mia Bonde e Anna Brygard) –, a banda se mantém sólida em sua proposta de resgatar uma sonoridade retrô que se baseia principalmente no AOR praticado no final dos anos 1970 e na primeira metade dos anos 1980.

 

Apresentando sem muitas mudanças a mesma fórmula musical dos dois álbuns anteriores – os excelentes Amber Galactic (2017) e Sometimes the World Ain't Enough (2018) – aqui encontramos um álbum que se inicia com uma abertura impactante – “Servants of the Air” – e prossegue com uma canção de enorme potencial de sucesso numa outra era: “Divinyls” (que inclusive mantém a tradição do grupo em homenagear direta ou indiretamente outras bandas e aqui ela já vem logo no título) e outros dois excelentes números (“This Boy’s Last Summer” e “Curves”). Por volta da metade do álbum, “Transmissions” se apresenta como uma espécie de sucessora espiritual tanto em estilo quanto temática de “Lovers in theRain” do álbum anterior, e é um dos melhores exemplos de como conseguem, ao mesmo tempo, remeter ao passado mas também soarem únicos (aqui principalmente graças aos sintetizadores, que transferem um inconfundível toque oitentista), uma das especialidades da banda.

 

Como não poderia deixar de faltar se tratando do grupo, a faixa título do álbum é uma canção que foi feita aos moldes do maior apelo radiofônico da era de ouro do AOR, no bom sentido. “Golden Swansdown” é a balada cuja presença seria “obrigatória” num álbum deles, mas não é menos inspirada por conta disso. A sequência “Taurus”, “Carmencita Seven” e “Sister Mercurial” (estas duas últimas trazendo referências a personagens femininos e espaciais, uma das marcas registradas do grupo) reúne os melhores momentos do trabalho e desfila tudo o que o NFO sabe fazer de melhor: o uso dos teclados, a pegada mais hard, refrães feitos para se cantar junto e um excelente apoio de backing vocals, passagens atmosféricas … tudo isso está (mais uma vez) por aqui. “Dead of Winter” encerra o álbum em grande estilo, cumprindo o hábito já estabelecido nos trabalhos anteriores de deixar uma das faixas mais longas, com toques inclusive mais progressivos, para o final.

 

Aeromantic é um trabalho que não apresenta muitas novidades para quem já conhece o som praticado pelo The Night Flight Orchestra, e nesse caso esta é justamente a sua maior qualidade, dado o conteúdo apresentado aqui. O grupo liderado por Bjorn Strid consegue manter o alto nível alcançado com os discos anteriores, e mostra por que é uma das melhores bandas que surgiram nesta última década.

 

Por Rodrigo Façanha

 


Comentários

  1. Para os desatentos a banda pode parecer clichê ou artificial, mas ela é realmente muito boa! É um som que cativa o ouvinte.

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  2. Que sonzeira, Rodrigo! Valeu por me apresentar a uma das melhores bandas que ouvi há tempos. Como um som pode soar tão novo, fresco e nostálgico ao mesmo tempo? VALEU MESMO!

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  3. Excelente resenha para um excelente álbum de uma excelente banda!

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