Review: The Black Crowes – The Southern Harmony and Musical Companion (1992)



Há um bom argumento para The Southern Harmony and Musical Companion ser considerado o melhor álbum do The Black Crowes. Certamente é mais seguro e mais substancial do que sua estreia, o já excelente Shake Your Money Maker (1990), e há uma sensação onipresente da banda tentando esticar um pouco mais os limites da sua música.

“Sting Me” e “Remedy” constituem uma das maiores sequências de abertura de qualquer álbum de rock dos anos 1990. A banda parece mais confortável sem perder nada da arrogância confiante que se tornou uma marca registrada do Black Crowes. O culto às raízes do rock e do blues é amplificado por uma capa que grita por comparação com o icônico álbum auto-intitulado da The Band, lançado em setembro de 1969.

Se The Southern Harmony and Musical Companion tem uma falha é que o aumento da confiança dos músicos em relação às jams fez com que a banda esticasse algumas músicas, tornando-as um pouco mais longas do que o necessário. Apenas três faixas têm menos de quatro minutos e meio e várias apresentam os Crowes presos no mesmo ritmo por tanto tempo que as músicas ultrapassam os seis minutos, em vez de serem mais contundentes e um pouco mais econômicas. Dito isso, percebe-se que faltou um pouco de objetividade nesse segundo álbum, mas nada que comprometa o resultado final. Devido à relação da banda com o rock do início dos anos 1970, e especialmente com o southern rock, sua tendência a jams estendidas na linha da Allman Brothers Band é esperada, especialmente dada sua formação de guitarras gêmeas com Rich Robinson e Marc Ford.

Apesar de toda a dependência de estruturas musicais estendidas, The Southern Harmony and Musical Companion é um álbum bem equilibrado, que consegue alternar entre riffs pesados ​​de blues rock como "Hotel Illness" e material mais lento e temperamental como "Thorn in My Pride". Ao longo do disco, Chris Robinson mostra ser um dos melhores vocalistas dos anos 1990 e a coisa toda está maravilhosamente ligada por uma das melhores seções rítmicas da época, formada pelo baterista Steve Gorman e pelo baixista Johnny Colt, além do ótimo trabalho do órgão e piano psicodélico de Eddie Harsch. A produção, assinada por George Drakoulias, é exemplar ao aplicar o polimento suficiente para não disfarçar o som sujo do grupo.

The Southern Harmony and Musical Companion é um álbum que continua a se erguer em seus próprios termos. Embora muitas bandas de hard rock tenham sido deixadas de lado ao longo dos anos, principalmente devido à popularidade do grunge e do rock alternativo nas décadas de 1990 e 2000, este disco serve como um lembrete de que os Black Crowes eram tudo que uma banda sempre sonhou ser.


Comentários

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.