Quem gosta de southern rock já conhece o nome de Marcus King há um certo tempo. Nascido em Greenville, na Carolina do Sul, em 1996, o vocalista e guitarrista é uma das referências atuais do estilo, que nasceu e foi popularizado durante os anos 1970 por lendas do porte do Lynyrd Skynyrd e The Allman Brothers Band.
King é influenciado tanto pelo Skynyrd quanto pela banda dos irmãos Allman, mas traz em sua musicalidade também muito elementos de country, folk e blues. Na estrada desde 2015 com a The Marcus King Band, chega agora ao seu quarto disco, El Dorado, o primeiro assinado apenas com o seu nome. Soul Insight (2015), The Marcus King Band (2016) e Carolina Confessions (2018), os três anteriores, foram creditados à Marcus King Band.
El Dorado traz um elemento a mais e que agrega muito ao som de King, e seu nome é Dan Auerbach. O vocalista e guitarrista do The Black Keys foi parceiro na composição das faixas e produziu o disco, usando a sua experiência para tornar a música do prodígio norte-americano ainda mais universal. Vale lembrar que Warren Haynes, outro gigante da história do southern e o cérebro do Gov’t Mule, apadrinhou King desde o início da sua trajetória. Ou seja: o cara vem cercado de grandes talentos e faz jus aos elogios que tem recebido.
O álbum apresenta doze músicas gravadas ao lado do tecladista Bobby Wood (que tocou com Elvis Presley, Dusty Springfield e Wilson Pickett), do baixista Dave Roe (lenda do som de Nashville que fez parte da banda de Johnny Cash e possui um currículo gigantesco) e do baterista Gene Chrisman (que tocou com Aretha Franklin, Dionne Warwick, Roy Orbison e outras lendas da música). Excelente cantor, King possui um timbre similar ao de seu mentor Warren Haynes, enquanto na parte instrumental é um guitarrista com um senso melódico inato e um feeling farto para criar momentos marcantes.
Em seu primeiro disco solo, Marcus King soa menos visceral que nos álbuns que gravou com a sua banda. No entanto, soa mais maduro do que antes. A parceria com Auerbach acentuou a influência de soul já latente nos trabalhos anteriores, como é possível ouvir na linda “One Day She’s Here”. A folha corrida e o feeling de Wood, Roe e Chrisman é um das responsáveis pelo clima contemplativo e mais sossegado das músicas. Essa pisada no freio, no entanto, torna a audição do trabalho um tanto cansativa, pois há uma inegável falta de momentos mais explosivos. Essa carência é parcialmente preenchida por “Say You Will”, The Well” e “Too Much Whiskey”, essa última totalmente Lynyrd Skynyrd.
Ainda assim, El Dorado é um dos grandes discos de 2020, principalmente para quem é fã do rock sulista dos Estados Unidos com elementos de country, blues e folk.
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