Live é o segundo álbum ao vivo do AC/DC e foi lançado em 27 de outubro de 1992. Ele é o sucessor de If You Want Blood You’ve Got It (1978), registro clássico da fase com Bon Scott. Trata-se também do primeiro disco ao vivo da banda com o vocalista Brian Johnson, que substituiu Scott após sua morte repentina em 1980. O AC/DC possui ainda um terceiro ao vivo, Live at River Plate, onde a banda aproveitou o áudio do antológico DVD filmado na Argentina durante a turnê Black Ice (2008) e transformou em um excelente CD duplo.
Gravado durante a tour de The Razors Edge (1990), disco que levou o AC/DC de volta ao topo das paradas e apresentou a banda para uma nova geração de ouvintes, Live foi disponibilizado em CD simples (com 14 faixas), CD duplo (com 23 músicas) e LP duplo (com 20 canções). Existe também uma edição em longbox que vinha com uma nota de dólar com o rosto de Angus Young impresso. Essas edições em CD, com exceção da longbox, foram relançadas em 2003 em versões remasterizadas digipacks. O tracklist é levemente focado nas músicas presentes nos discos a partir de Back in Black (1980), estreia de Johnson, e que ainda não tinham uma versão ao vivo oficial (das 23 faixas do CD duplo, treze são da fase Brian e dez da época de Bon).
Comercialmente, Live foi um fenômeno. O álbum vendeu mais de 5 milhões de cópias somente nos Estados Unidos, ganhou 9 discos de platina na Austrália e é um dos dez discos ao vivo mais vendidos da história, superando a marca de 7 milhões em todo o planeta. A crítica também adorou, afirmando que ele eternizava a experiência e a energia únicas de um show do AC/DC e que Brian Johnson enterrava qualquer comparação com Scott, mostrando que era o nome ideal para estar à frente da banda ao lado de Angus e Malcolm Young.
Ao contrário de um registro ao vivo convencional, Live não foi registrado em um único show. As músicas foram capturadas em cinco apresentações diferentes: o Monsters of Rock em Donington Park em agosto de 1991 (esse show foi lançado na íntegra em outubro de 1992 no DVD Live at Donington), Birmingham, Moscou, Glasgow e na cidade canadense de Edmonton. Apesar disso, a performance é homogênea e mostra o AC/DC em um de seus melhores momentos. A participação maciça do público é uma prova da ótima fase que a banda atravessava, e dá ao disco um clima muito particular.
Estão no tracklist versões excelentes para canções que se tornariam clássicas com o passar dos anos como é o caso de “Thunderstruck” (ainda em seus primeiros anos de vida), “Who Made Who” e “Moneytalks”, além de releituras quase definitivas de cavalos de batalha do porte de “Shoot to Thrill”, “Back in Black”, “You Shook Me All Night Long” e “For Those About to Rock (We Salute You)”. E tudo isso turbinado com Brian Johnson brilhando em composições da época de Bon Scott como “Sin City”, “Jailbreak”, “The Jack” (em que se apodera e toma a canção para si com uma interpretação sensacional), “Dirty Deeds Done Dirt Cheap”, “Highway to Hell”, “T.N.T.” e outras. Angus se sobressai como sempre com solos repletos de melodia e feeling, enquanto Malcolm Young e Cliff Williams formam a base sólida que segura tudo. Na bateria temos Chris Slade, que havia gravado The Razors Edge, sentando a mão sem dó nos tambores. A produção, assinada por Bruce Fairbairn, intensifica o peso das guitarras ao mesmo tempo em que entrega um som cristalino e denso.
Mais que um dos melhores discos ao vivo da história do rock, Live é um álbum que marcou profundamente toda uma geração de ouvintes que foram apresentados ao AC/DC no início dos anos 1990 e mergulharam no rock and roll através das mãos mágicas de Angus e sua turma. O legado segue imenso, como atesta o impacto do álbum na vida de milhões de pessoas em todo o planeta.
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