Review: Anthrax – Attack of the Killer B’s (1991)


Primeira compilação do Anthrax, Attack of the Killer B’s foi lançada em 25 de junho de 1991 e marca o fim da primeira passagem de Joey Belladonna pela banda. O vocalista foi demitido no final de 1992 por diferenças criativas e musicais com os demais integrantes, e seu substituto foi John Bush, do Armored Saint. Bush, que muitos consideram o melhor vocalista que o Anthrax já teve, permaneceu no quinteto até 2005. Como curiosidade, vale mencionar que o próprio Metallica chegou a convidar John Bush para fazer parte da banda nos primórdios do quarteto, mas o cantor preferiu seguir com o Armored Saint.

Ao invés de ser uma convencional coletânea de hits, Attack of the Killer B’s reúne alguns dos mais matadores lados B gravados pelo Anthrax até o início da década de 1990. São ao todo doze faixas até então inéditas ou presentes apenas em singles, o que tornou o disco um item bastante desejado pelos fãs da banda nova-iorquina. A única exceção nessa lógica é “Bring the Noise”, colaboração do grupo com o Public Enemy e que desde sempre foi uma de suas canções mais famosas. Como uma espécie de resposta para Attack of the Killer B’s, o Anthrax lançou em novembro de 1999 a compilação Return of the Killer A’s, essa sim focada em seus maiores sucessos.

Na época a banda contava com Belladona na voz, a dupla Scott Ian e Dan Spitz nas guitarras, Frank Bello no baixo e Charlie Benante na bateria. O apelo não é apenas colecionável, pois o tracklist é excelente e entrega ótimas faixas. Covers para canções do Kiss (a clássica “Parasite”), Discharge (“Protest and Survive”), The Chantays (um dos hinos da surf music, a imortal “Pipeline”) e Trust (“Sects), somadas às releituras de “Milk (Ode to Billy)” e “Chromatic Death, ambas da banda irmã S.O.D. (projeto crossover que contava com Scott e Charlie, além de Dan Lilker, baixista fundador do Anthrax), deixam a audição muito divertida.

O catálogo do grupo é visitado em ótimas versões ao vivo para “Keep in the Family” e “Belly of the Beast”, ambas gravadas em Birmingham, na Inglaterra, durante a turnê de Persistence of Time (1990). O bom humor tradicional do Anthrax é explicitado na irônica “Startin’ Up a Posse”, onde a banda critica a famigerada PMRC. “I’m the Man”, um dos maiores hits do grupo, ganha aqui uma versão focada no hip hop que difere de sua gravação original, onde o lado metal era o protagonista. E o álbum fecha com a linda “N.F.B. (Dallabnikufesin”), onde o quinteto tinha a intenção de fazer uma paródia das baladas acústicas marcantes do glam metal e acabou entregando, talvez sem querer, realmente uma grande canção – a curiosidade é que o título nada mais é do que uma abreviação para a frase “nice fuckin’  ballad”, que também está escrita de trás para frente no nome da faixa.

Attack of the Killer B’s nunca teve uma edição brasileira. Aliás, entre as bandas do Big Four, o Anthrax sempre foi deixado meio de lado pelas gravadoras nacionais, o que certamente influenciou na percepção geral do público em relação à banda, já que muitos fãs Brasil afora desconhecem grande parte da obra e da relevância do Anthrax, uma banda que sempre soou inovadora e nunca teve medo de experimentar novos caminhos em sua música. Attack of the Killer B’s é um ótimo exemplo do poderio do quinteto natural de Nova York, e irá surpreender quem só foi ouvir o grupo após o retorno de Joey Belladona em Worship Music (2011).

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