Review: Jonny Lang – Lie to Me (1997)


Jonny Lang surgiu como um raio no cenário do blues na segunda metade dos anos 1990. Com apenas 16 anos, o jovem bluesman emplacou um hit de proporções planetárias e conquistou fãs muito além do cenário do blues, ajudando a popularizar o estilo e a rejuvenescer o público do gênero que é tido como o pai do rock and roll.

Nascido em Fargo, na Dakota do Norte, Jon Gordon Langseth Jr. começou a tocar violão aos 12 anos e logo chamou a atenção. Seu pai o levou então para tocar na Bad Medicine Blues Band, uma das poucas bandas de blues da região. Ted Larsen, guitarrista do grupo, deu aulas e ensinou o caminho das pedras para Jonny. A banda logo foi rebatizada para Kid Jonny Lang & The Big Bang devido ao sucesso que o então adolescente fazia com o público. O pessoal da gravadora A&M Records assistiu a uma apresentação do grupo no Bunkers Bar, em Minneapolis, e ofereceu um contrato para Jonny. Isso foi na mesma época em que outros prodígios do blues estavam surgindo, como Derek Trucks e Kenny Wayne Shepherd. Toda essa trajetória culminou com a mudança da banda para Minneapolis e a gravação do álbum Smokin’, lançado de forma independente em 1995 e creditado à Kid Jonny Lang & The Big Bang.

Lie to Me, seu segundo álbum na prática, é o seu primeiro disco solo e chegou às lojas em 28 de janeiro de 1997, um dia antes de Jonny completar o seu décimo-sexto aniversário. Com produção de David Z (Buddy Guy, Etta James, Neneh Cherry), ganhou platina nos Estados Unidos e chegou ao número 44 da Billboard 200. O álbum traz doze músicas, incluindo canções originais e versões para composições de nomes como Ike Turner e Sonny Boy Williamson.

A música que dá nome ao disco e se tornou o seu maior hit abre o play apresentando as credenciais de Jonny Lang. Com um riff de clavinete e um groove contagiante, une influências de Stevie Wonder a um blues pesado e com ótima interpretação de Lang, tanto no vocal quanto na guitarra. Clássico imediato!

“Darker Side” é uma balada soul com toques sutis de jazz e instrumentação exemplar, com direito a mais uma excelente performance vocal de Jonny. A versão para “Good Morning School Girl”, de Sonny Boy Williamson, é um dos pontos altos, assim como a jazzy “Still Wonder”. “Matchbox”, de Ike Turner, é convertida ao blues por Lang, com um solo de guitarra que mostra todo o talento do menino de Fargo. Outra grande versão é a para “Back for a Taste of Your Love”, do bluesman Syl Johnson.

A influência de B.B. King é fortemente sentida em “A Quitter Never Ends”, com Lang derramando feeling de sua guitarra. Já a deliciosa “Hit the Ground Running” é rhythm and blues da melhor estirpe. O disco visita novamente o terreno do jazz em “Rack ‘Em Up”. “There’s Gotta Be a Change” é outra que merece menção, com Lang cantando muito sobre uma base cheia de balanço.

Lie to Me foi o início de uma carreira que daria ao mundo outros álbuns excelentes como Wander This World (1998), Long Time Coming (2003) e Turn Around (2006). Jonny Lang segue ativo e seu último trabalho, Signs, saiu em 2017. Além disso, ele fez dezenas de participações especiais em discos de gente como Buddy Guy, Anders Osborne, Herbie Hancock, Eric Johnson e Cindy Lauper, entre outros. Um músico super talentoso, cujo trabalho vale a pena acompanhar de perto.


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