Do alto dos seus bem vividos 73 anos, Alice Cooper atravessa um dos melhores momentos de sua carreira. Seus discos recentes estão entre os melhores trabalhos de sua longa trajetória, como Welcome 2 My Nightmare (2011) e Paranormal (2017), e a boa fase é mantida em Detroit Stories. O vigésimo-primeiro álbum de Alice é diversão do início ao fim, regada ao bom e velho rock and roll.
Produzido pelo parceiro de longa data Bob Ezrin (que assinou clássicos como School’s Out e Billion Dollar Babies), Detroit Stories é uma espécie de disco conceitual focado não em uma história, mas sim em uma cidade: Detroit, onde Vincent Damon Furnier nasceu em 4 de fevereiro de 1948 e se transformou em Alice Cooper, e também um dos grandes berços do rock norte-americano, terra de ícones como The Stooges, MC5, Bob Seeger, Cactus e inúmeras bandas. A cena era tão prolífica que inspirou um dos maiores clássicos do Kiss, a imortal “Detroit Rock City”.
Alice revisita toda essa atmosfera em um disco que consegue celebrar a nostalgia e não soa datado, muito pelo contrário. O clima em Detroit Stories é positivo e de alegria, com canções que exploram uma sonoridade calcada no rock clássico e remetem aos álbuns iniciais do Alice Cooper Group. Não por acaso, parceiros das antigas como o guitarrista Michael Bruce, o baixista Dennis Dunaway e o baterista Neal Smith estão entre os principais destaques do trabalho, que conta também com participações de peso como Joe Bonamassa, Mark Farner (Grand Funk), Wayne Kramer (MC5) e até mesmo a inesperada presença de Larry Mullen Jr. (baterista do U2).
Todo o tracklist é ótimo, com destaque para a abertura com “Rock & Roll” (cover do The Velvet Underground), “Our Love Will Change the World” (versão para a canção do Outrageous Cherry, banda que surgiu nos anos 1990 em Detroit e segue na ativa), “Social Debris”, “$1000 High Heel Shoes” (com um balanço contagiante e backing vocals deliciosos) e o ótimo blues “Drunk and in Love (uma das que conta com Bonamassa na guitarra), além das versões para “Sister Anne” (do MC5) e “East Side Story” (de Bob Segger).
A edição nacional saiu pela Shinigami Records e é dupla, em um belo digipack que traz o disco e mais um DVD com o show A Paranormal Evening At The Olympia Paris, gravado em dezembro de 2017 na capital francesa.
Detroit Stories é um dos grandes discos da carreira de Alice Cooper e uma surpresa mais que bem-vinda em uma época tão incerta quanto a que vivemos. Tem momentos em que só a música salva, e sem dúvida esse disco fará diferença nos seus dias, acredite.
otima resenha de mais um bom disco desse genio da musica contemporanea, ainda mais com uma edição nacional do mais alto nivel da shinigami, aí o prazer dobra, palmas incessantes para shinigami, hellion, voice music entre outras que mantém a musica como forma de arte viva nesse país, não como fonte biodegradável de streamings para um público 90% sem compromisso e muitos desses que compõem a massa debilóide que habita esse país em nosso tempo
ResponderExcluirInesperada participação de Larry Mullen Jr.? O cara já foi baterista no disco anterior, o Paranormal.
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