Review: Edguy – Rocket Ride (2006)


Você deve ter lido várias resenhas ressaltando a aproximação do Edguy com o hard rock em seu sétimo álbum, Rocket Ride. Isso realmente ocorre, mas o que poucos disseram é que a excelência, a qualidade e o talento inegáveis que o grupo sempre mostrou na execução do power metal melódico que o levou à fama foram mantidas, intactas, neste novo direcionamento.

Esta influência de hard rock e AOR ainda é um pouco tímida aqui, em doses homeopáticas o suficiente para não afastar os fãs mais antigos, e seria intensificada nos trabalhos seguintes. Prova disso é a excelente "Sacrifice", que abre o álbum e segue a linha que consagrou o grupo, ou seja, metal melódico grudento e de muito bom gosto, na linha dos clássicos Keeper of the Seven Keys do Helloween.

Os timbres utilizados no riff de "Rocket Ride" me levaram de volta aos álbuns lançados pelo Rainbow e pelo Deep Purple nos anos 1970. Já "Wasted Time" faz uso da influência - e herança - melódica do já citado Helloween aliada a um refrão que é puro Whitesnake oitentista. Este clima é mantido na cadenciada "Matrix", que não faria feio em qualquer rádio rock."Return to the Tribe" é o Edguy velho de guerra de sempre, arregaçando em um power metal tradicional. Um dos pontos altos do álbum, sem dúvida, ao lado de "The Asylum", que une um clima épico às então recém adquiridas influências hard, em um resultado final que agrada bastante.

A balada "Save Me" infelizmente puxa o nível para baixo. Extremamente melosa, parece saída de um trabalho do Bon Jovi, e isso não é um elogio. "Catch the Century" coloca novamente o disco nos trilhos e tem uma cara totalmente oitentista, lembrando os álbuns lançados no final daquela década por grupos como Bad Company e Mötley Crüe. O single "Superheroes" tem um arranjo muito legal, repleto de melodia, e um refrão que vai levantar multidões mundo afora. Fechando o CD, "Fucking With Fire" traz um Tobias Sammet emulando David Coverdade, enquanto a canção lembra o caminho seguido pelo Accept no álbum Russian Roulette (1986), quando a banda alemã amaciou seu som tentando conquistar o mercado norte-americano.

Rocket Ride é um bom álbum, de muito gosto. O talento do Edguy se mostra imune a rótulos e estilos, revelando uma banda inquieta, buscando novos caminhos para o seu som. A versão brasileira veio com uma faixa bônus, "Land of the Miracle", gravada ao vivo em São Paulo, e foi lançada em duas versões: jewel case e em um belíssimo digibook limitado, com encarte de quarenta páginas – aliás, um dos primeiros álbuns disponibilizados no Brasil nesse formato.


Comentários

  1. Coloco Sacrifice ao lado de The Asylum como as melhores do álbum, são simplesmente épicas. Tobias é gênio em criar músicas longas. Senti falta de um comentário sobre Out of Vogue, é umas das poucas músicas "Power" do álbum, que tem um solo que eu amo. Amo esse disco e é meu preferido junto com o Hellfire.

    ResponderExcluir
  2. Excelente álbum! Valeu pela bela resenha.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.