Review: Dio – Magica (2000)


Oitavo álbum da banda Dio, Magica é um dos discos mais cultuados pelos fãs do lendário vocalista Ronnie James Dio, e não sem motivo. Único trabalho conceitual da carreira de Dio, o álbum conta a história de um mundo dominado por forças sombrias que vaporizam as pessoas. Escrito a partir do ponto de vista de Shadowcast, o vilão da história, mostra a saga dos salvadores do planeta, Eriel e Challis, para derrotar seu inimigo.

Ao lado de Ronnie temos o guitarrista Craig Goldy (retornando à banda após mais de uma década, desde a sua participação no álbum Dream Evil, de 1987), o baixista Jimmy Bain (parceiro do cantor desde os tempos do Rainbow) e o baterista Simon Wright (ex-AC/DC). A ideia de Ronnie era que Magica fosse apenas a primeira parte de uma trilogia de álbuns, mas os planos acabaram não se concretizando devido à reunião com Tony Iommi, Geezer Butler e Vinny Appice no Heaven and Hell em 2006 e o falecimento do vocalista em maio de 2010, vítima de câncer. No entanto, a banda chegou a gravar uma música que faria parte do nunca lançado Magica II, intitulada “Electra”, que se tornou o último single da carreira de Dio e foi incluída no box Tournado (2010), na compilação The Very Beast of Dio Vol. 2 (2012) e na deluxe edition do álbum liberada em 2013.

O que chama a atenção em Magica em relação aos trabalhos mais celebrados de Dio - a trinca Holy Diver (1983), The Last in Line (1984) e Sacred Heart (1985) - é que a maioria das canções possuem um andamento mais lento que o apresentado nos clássicos anteriores do baixinho, além de explorarem melodias e arranjos claramente mais densos e sombrios. A presença de alguns interlúdios entre as faixas também intensifica o lado conceitual do trabalho, aproximando-o do conceito de metal opera em voga naquele período, porém sem a participação de diversas vozes e músicos.

Ao lado de Dio, o principal destaque do disco é Craig Goldy, que entrega aqui a melhor performance de sua carreira. Os riffs fortes de canções como “Fever Dreams” e “Turn to Stone”, bem como os solos inspirados e o belíssimo trabalho com a guitarra repleta de feeling em “As Long As It’s Not About Love”, são exemplos incontestáveis do talento e da classe de Goldy e que evocam, inclusive, a parceria de Ronnie com Ritchie Blackmore nos tempos do Rainbow.

Os destaques são muitos, começando com a pesadíssima e sabbáthica “Lord of the Last Day”, as já citadas “Fever Dreams” e “Turn to Stone”, a épica e grandiosa “Eriel”, “Challis” (que é a música que mais dialoga com os primeiros álbuns da banda), a belíssima “As Long As It’s Not About Love” (que traz Dio cantando de maneira divina), o clima medieval de “Losing My Insanity” e “Otherworld”. Com um conjunto de canções muito forte, Magica ainda traz como última faixa Ronnie narrando a história que escreveu.

Um dos melhores, porém menos comentados, discos que Dio gravou em sua carreira, Magica é uma espécie de joia perdida na discografia do vocalista. Sua audição é mais do que recomendada.


Comentários

  1. Legal ver este Review aqui! Este é um disco que eu não curto tanto, sempre preferi o "Killing the Dragon", que veio depois. Mas é fato que é muito bom e bem feito, e mais ainda: Dio passou longe das tendências musicais do metal da época e se preocupou em fazer um álbum do jeito dele.

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  2. Eu só vim a conhecer esse álbum quando baixei toda a discografia de DIO, e depois de ouvir, eu tenho que dizer que talvez esse seja meu álbum favorito da banda. Nunca fiquei tão arrepiado ao ouvir algo.

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