Quando Carlos Lopes anunciou que a Dorsal lançaria um
novo álbum conceitual, havia uma grande expectativa em relação ao que viria
depois de Canudos (2017), um trabalho inovador que alia peso e muita melodia a
uma forte carga de brasilidade. Pois bem, Pandemia representa um passo adiante
nessa proposta.
As composições partem de uma desconstrução do rock
pesado, da música armorial, do canto do candomblé, em alguns momentos até mesmo
do soul, extraindo seus elementos e os recombinando para contar essa fábula
sombria sobre o Brasil atual.
O resultado é um fortíssimo conjunto de canções que seguem
caminhos diferentes dos quais nossos ouvidos estão acostumados, subvertendo a
gramática do metal pesado. A base sólida
de Braulio Drumond e Claudio Lopes dá o ritmo de uma densa narrativa musical
que fala sobre como um jumento toma o poder e governa com ajuda de equinos e
gorilas, contaminando a população com o vírus da burrice.
A guitarra baiana de Carlos é uma usina antropofágica que
cria as atmosferas exigidas por cada momento dessa história, desde vinhetas
gélidas que poderiam estar em um álbum de black metal escandinavo até melodias
que remetem à música armorial, passando por uma profusão de inspirados riffs
baseados no thrash. Essa afirmação também vale para os
vocais: Carlos nunca cantou tão bem e com tanta versatilidade, ora acentuando o
sotaque nordestino, ora adotando um tom irônico e/ou áspero típico do punk e do
hardcore.
A boa produção deixou os timbres bem claros, e o trabalho
gráfico é de encher os olhos, com lindas ilustrações na capa, contracapa e no
miolo do CD.
Pandemia representa um dos pontos mais altos da
trajetória da Dorsal Atlântica, um álbum desafiador que exige imersão para ser
compreendido. Mas a recompensa é altamente gratificante.
Por Pedro Junior da Luz Teixeira
Digitei uma frase errada... Ali em "seguem caminhos diferentes dos quais nossos ouvidos estão acostumados", o correto seria "diferentes daqueles aos quais nosso ouvidos estão acostumados". Desculpem!
ResponderExcluirNão gostei dos vocais. Destaque para as letras que são muito boas.
ResponderExcluirAdorei o álbum e estou gostando dele a cada audição.
ResponderExcluirComo fã das antigas eu achei o ultimo disco do Dorsal foi simplesmente uma obra de arte completa, som,trabalho gráfico, mixagem, instrumentos e vocalização, agora aguardo ansioso para comprar esse ultimo. PS: o disco Canudos
ResponderExcluireu mostrei para muitos amigos e todos elogiaram o nível do trabalho ali apresentado..
Eu achei que seria dificil superar o Canudos ! Mas aí vem o Carlos e solta essa obra de arte !
ResponderExcluirEsse e um disco pra escutar varias vezes , para entender a visão do Dorsal, disco muito bom !!!
ResponderExcluirUma verdadeira obra de arte. Tudo o mais que eu disser torna-se redundante.
ResponderExcluirO Brasil todo cabe dentro do Carlos Lopes. É impressionante como é um cara, que apesar de já ter todo um legado, está sempre se desafiando e indo além.
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