Review: Caligula’s Horse – Rise Radiant (2020)


Um dos nomes mais celebrados do prog metal atual, a banda australiana Caligula’s Horse lançou em maio de 2020 seu quinto disco, Rise Radiant. Esse trabalho também é o primeiro do quinteto a ganhar uma edição brasileira, sendo disponibilizado no Brasil pela Hellion Records em uma bela edição slipcase.

Rise Radiant é o sucessor de In Contact (2017), o álbum que colocou os olhos da comunidade metal no Caligula’s Horse e é uma das grandes obras do prog metal contemporâneo. O álbum marca a estreia do baixista Dale Prinsse, que entrou no grupo em 2019, e acabou sendo o último com o guitarrista Andy Goleby, que deixou a banda há poucos meses.

A sonoridade dos australianos é um prog repleto de groove e que agradará em cheio fãs de agremiações que trilham um caminho semelhante como Haken, Tesseract e Leprous. Acessível e nada intimidadora, a música do Caligula’s Horse é carregada de técnica e apresenta soluções fora do comum, principalmente na variação de ritmos, com faixas que trazem lindos trechos atmosféricos como é o caso de “Salt”. Os vocais de Jim Grey são um caso à parte, com o belo timbre variando entre momentos pesados e trechos mais calmos e sendo encorpado por harmonias e backings em várias ocasiões. Os guitarristas, principalmente Sam Vallen, entregam solos inspirados e que não se limitam apenas à velocidade, como é comum ouvir no gênero, explorando melodias sem pressa e derramando feeling. Já a dupla Dale Prinsse e Josh Griffin é de uma solidez espantosa.

A variedade é um ponto a favor do Caligula’s Horse, que sabe caminhar tanto por epopeias progressivas como o trio “The Tempest” “Salt” e “The Ascent” quanto por pequenas e doces canções como “Resonate”. A banda usa andamentos bastante variados e marcados, o que a aproxima bastante do groove e dá um aspecto pulsante para o som. O fato de Grey cantar sempre de forma limpa, ainda que variando vocalizações mais baixas com o canto normal, contribui para a facilidade de assimilação do que está sendo proposto pela banda. “Valkyrie” é um grande exemplo disso, e traz até mesmo sutis influências de Pain of Salvation.

As duas canções finais de Rise Radiant são o momento mais prog do trabalho. “Autumn” inicia de forma calma como se estivesse trazendo os primeiros ventos de uma nova estação e evolui para momentos de puro feeling, com direito a um belo solo de baixo e lindas linhas vocais. Já “The Ascent” ultrapassa os dez minutos com uma intensidade que coloca o ouvinte no meio de um verdadeiro furacão musical e fecha o álbum de forma magnífica.

Rise Radiant entrega um trabalho instrumental primoroso, vocais incríveis e técnica na medida certa, e o resultado é um álbum de prog metal coeso, com excelente canções e que não assusta quem não está habituado com o estilo.

A edição brasileira vem com uma embalagem slipcase, encarte de doze páginas com todas as letras e um visível cuidado na parte gráfica do material. E, para alegria dos fãs e colecionadores, conta com duas faixas bônus: covers para a bela “Don’t Give Up”, um dos grandes hits da carreira solo de Peter Gabriel, com participação de Lynsey Ward nos vocais (da banda Exploring Birdsong), e também de “Message to My Girl”, da banda new wave neozelandesa Split Enz.

Excelente disco e mais um ótimo lançamento da Hellion Records.


Comentários

  1. Uma das minhas bandas favoritas da cena prog australiana junto do Twelve Foot Ninja.
    Não achei um álbum tão espetacular como Bloom, por exemplo, mas ainda assim é muito bom.

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