Apesar de extremamente popular entre o público brasileiro, o Helloween nunca teve a sua história contada de forma mais profunda por aqui. São centenas de matérias em sites e revistas, eu sei, mas a maioria sem o aprofundamento que uma banda desse porte merece. Esse é apenas um dos pontos que torna a leitura de Helloween: A História Completa uma excelente recomendação não só para os fãs da banda alemã, mas para todos que se interessam pelo desenvolvimento do heavy metal nos últimos quarenta anos.
Escrita pelo jornalista italiano Massimo Longoni e publicada no Brasil pela Estética Torta de forma simultânea à edição europeia, a obra cobre toda a carreira do Helloween com uma vasta riqueza de detalhes, trazendo um mar de informações que deixará qualquer apreciador da banda alemã com um sorriso no rosto.
O texto de Longoni é muito fluído e possui ótima cadência, o que proporciona um ritmo de leitura bastante rápido. As páginas vão se sucedendo em uma velocidade comparável aos maiores clássicos do power metal, tamanho o controle da narrativa que o autor demonstra em sua história. Partindo da infância de Kai Hansen e chegando até o álbum lançado em 2021, o livro revela toda a história cheia de conflitos e períodos conturbados que o Helloween atravessou em sua carreira, o que gerou uma troca intensa de integrantes importantes como Hansen, Michael Kiske, Roland Grapow e Uli Kusch, além da tragédia que levou à morte do baterista Ingo Schwichtenberg no ano de 1995.
A saída de Kai Hansen, os problemas legais com a Noise Records, as polêmicas que afetaram os álbuns Pink Bubble Go Ape (1991) e Chameleon (1993), o renascimento com Master of the Rings (1994), a reconstrução com Andi Deris à frente, os bastidores que levaram à reunião e retorno de Hansen e Kiske à banda: tudo é contado de forma transparente, deixando transparecer as personalidades alfas que sempre permearam a história da banda, notadamente a do guitarrista Michael Weikath, principal cérebro criativo do Helloween ao lado de Deris e, nos primeiros anos, Hansen.
Um ponto que chama bastante a atenção é o contraste entre as opiniões e visões de Longoni com o que comumente aprendemos sobre a banda através da mídia especializada brasileira. O olhar europeu do autor vai desde não menosprezar o power metal (ou metal melódico, apelidado de metal espadinha de forma depreciativa por jornalistas e fãs brasileiros), reconhecendo a grande importância do estilo como um dos responsáveis por manter o metal vivo durante as décadas de 1990 e 2000, até a saudável postura de não esconder os erros e contradições dos próprios músicos, que, no fim das contas, não são deuses e cometem falhas como todos nós.
A edição da Estética Torta vem com 356 páginas, capa dura, pintura trilateral na cor laranja e conta com um trabalho editorial primoroso, com excelente tradução a cargo de Guilherme Maionchi. A capa, criada por Ale Santos e com uma bela ilustração, é exclusiva da edição brasileira e muito mais bonita que a original italiana. Outro grande acerto da edição nacional e que a destaca da original são os reviews do autor para cada um dos álbuns lançados pelo grupo, colocados no final de cada capítulo e não no meio do texto, como no original. Isso proporciona um ganho para a leitura, porque temos a análise da obra gerada por todas as ações que acabamos de ler colocada no final dos acontecimentos, como uma espécie de conclusão para cada trecho.
Helloween: A História Completa é um livro primoroso e um dos melhores títulos publicados pela Estética Torta, o que, levando-se em conta o excelente catálogo da editora, diz muito sobre a qualidade do trabalho de Massimo Longoni.
Se você é fã da banda, leitura obrigatória. Se curte metal, também.
Ótima pedida. Mas continua o descaso das editoras brasileiras em relação ao Deep Purple e Rush. Duas bandas super populares por aqui. Vai entender a cabeça dessa gente...
ResponderExcluirExcelente!
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