Review: Vulcano – Stone Orange (2022)


O Vulcano é uma instituição do metal brasileiro. Criada em 1981, a banda consolidou o seu retorno e embalou uma série de novos álbuns com a qualidade característica. Stone Orange é o décimo-segundo capítulo de uma carreira que começou no black metal, passou pelo death e já há alguns anos não esconde a aproximação com o thrash metal.

Com lançamento mundial marcado para o final de abril, o álbum já está disponível no Brasil em parceria com a Hellion Records em uma bonita edição em CD slipcase e com direito a um pôster no formato 24x24. O disco traz dezesseis canções e foi produzido pela dupla Zhema e Ivan Pelliccioti. Ao lado do lendário guitarrista Zhema Rodero, completam a formação o vocalista Luiz Carlos Louzada, o guitarrista Gerson Fajardo, o baixista Carlos Diaz e o baterista Bruno Conrado.

Chama a atenção, logo de saída, a sonoridade do trabalho. Ao contrário dos tons super baixos que viraram o padrão no death e no thrash atuais, Stone Orange apresenta uma sonoridade old school inspirada na década de 1980, ainda que a produção e a mixagem soem atuais e não saudosistas. Há elementos de metal tradicional em diversas canções, característica que torna o álbum mais palatável para quem não curte tanto a abordagem predominantemente intensa e violenta do metal extremo. E antes que um fã mais radical tire conclusões precipitadas, um aviso: não há nada de acessível em Stone Orange e a banda não “se vendeu”, são apenas conclusões construídas através da audição focada do álbum.

O disco possui uma segunda metade absolutamente incrível, a partir do arregaço de violência apresentado em “Night Terror with Satan”, que é seguido por uma intro southern com violão slide em “Rebels From 80’s”, canção com temática saudosista muito legal. O pau segue comendo em “Ship of Dead”, enquanto “The Altar of Defiance” é um death/thrash excelente. “Lives Moves Towards Death” e “418”, essa última instrumental, vem na sequência e preparam o terreno para o encerramento com a autocelebração de “Vulcano Will Live Forever”. Há ainda uma décima-sétima canção não creditada no encarte e nem no tracklist.

Voltando para a primeira parte do álbum, “Metal Seeds” dá início ao trabalho de forma mais cadenciada e é seguida por “Putrid Angels Ritual”, essa sim à velocidade máxima. “Tear Gas” tem influências do thrash alemão oitentista de nomes como Kreator, Destruction e Sodom. Já “Keep Mind” possui uma certa similaridade com Immortal, enquanto a música título apresenta um riff quebrado e é um dos destaques do disco.

Stone Orange é um álbum pra lá de consistente e muito distante do som do Vulcano na década de 1980, no melhor sentido. Músicos maduros, canções muito bem desenvolvidas e um trabalho de produção competente colocam o disco entre os melhores da carreira do quinteto.


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