Stranger Things 4: de uma série adolescente a uma história de horror


Stranger Things passou por uma “harrypotterização”. Explico: assim como os filmes do bruxo criado por J.K. Rowling, a série da Netflix iniciou como uma série infanto-juvenil e, com o passar das temporadas, foi mergulhando em uma história cada vez mais sombria e assustadora à medida em que seus personagens foram crescendo. A quarta temporada, que estreou em 27 de maio, é o ápice disso. E ao contrário de Harry Potter, aqui o mergulho foi bem mais profundo, até pelo apelo paranormal que o seriado sempre possuiu.

Dividida em duas partes – a primeira conta com sete episódios, e a segunda, que estreará dia 1 de julho, terá mais dois -, Stranger Things 4 pisa fundo no horror e traz referências a clássicos do gênero como It – A CoisaA Hora do Pesadelo, inclusive com direito à participação do ator Robert Englund, o Freddy Krueger original. Outra característica evidente do amadurecimento de Stranger Things está na duração dos episódios. Se nas temporadas anteriores eles tinham em média de 40 a 50 minutos, agora chegam a mais de 1h30.

Já no primeiro capítulo da quarta temporada, intitulado O Clube Hellfire, somos apresentados a um clima mais denso e a personagens perturbados que caminham inevitavelmente para destinos trágicos. É de se elogiar a opção dos autores em usar efeitos práticos e maquiagem em uma época onde o CGI predomina, e essa escolha reforça ainda mais a estética anos 1980 da série, além de contribuir para que os eventos apresentem mais veracidade.

Com atuações consistentes dos atores – os destaques são Millie Bobby Brown como Onze, o carismático Gaten Matarazzo como Dustin, Sadie Sink como Max, Joe Kerry como Steve, Brett Gelman como Murray e David Harbour como Hopper -, o roteiro entrega uma história que varia entre aventura adolescente e filme de terror, com direito a ecos da Guerra Fria e referências a Cheech & Chong e ao heavy metal, representado no personagem Eddie, fã do estilo e com um visual típico do metalhead da época. E por mais que o arco que traz os personagens Mike, Will e Jonathan acompanhados do sempre chapado Argyle entregue momentos divertidos, ainda não há resposta para o motivo de os quatro estarem nesta nova temporada.

Stranger Things segue sendo um dos destaques da Netflix porque continua surpreendendo, e na sua penúltima temporada adentra a passos largos em um universo totalmente diferente daquele que apresentou a trama para o mundo, em julho de 2016. E isso é um tremendo elogio, pois o roteiro foi de A a Z sem se preocupar em transformar um universo de grande sucesso em um mundo sombrio e aterrorizante.

Mais de 600 milhões de horas assistidas comprovam que, mais do que um sucesso de público e crítica, Stranger Things se transformou em um dos maiores fenômenos culturais do nosso tempo. E alcançar isso em um mundo onde o consumo cultural se tornou algo descartável diz muito sobre o poder dessa história.


Comentários

  1. Seríe muito bacana, tem um bocado de referência dos anos 80 e agora jogou uns metal tb. Mas não acho terror não só uma coisa meio filme de zumbi.

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  2. Na minha opinião, essa série foi e está sendo um primor em todas as nuances que atravessou nas suas temporadas. Fico sempre pensando como os anos 80 se tornaram tão excitantes aos olhos da geração atual. No meu caso é o puro saudosismo mesmo já que os vivi em minha infância.

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