Quadrinhos: Peepland, de Christa Faust, Gary Phillips e Andrea Camerini (2022, Skript)


O pano de fundo erótico de Peepland revela-se uma história policial vertiginosa com apenas poucas páginas de leitura. O roteiro é ágil, muito bem escrito pela dupla Christa Faust e Gary Phillips, mas o destaque maior vai para a ótima arte de Andrea Camerini, cujo traço limpo e contemporâneo faz com que a trama, que se passa nos Estados Unidos de Ronald Reagan na década de 1980, transmita a sensação de acontecer nesse exato momento.

Somos apresentados a um universo em que o sexo é um produto. A personagem principal, Roxy, é uma performer que faz o seu trabalho em uma cabine de sexo, onde é separada por um vidro de seus clientes e seus desejos. O estilo de Camerini torna as várias cenas sensuais muito bonitas, transmitindo uma sensação de elegância em um cenário indiscutivelmente decadente. O fato de a própria autora ter vivido situações semelhantes nessas cabines imprime ainda mais autenticidade à história.

Mas o que prende o leitor em Peepland é a trama policial vertiginosa contada por Christa e Gary, que explora a hipocrisia de personagens que aparentam ser uma coisa mais revelam-se o oposto quando estão em quatro paredes. As páginas transmitem uma sensação de velocidade, como se estivéssemos assistindo a um filme com edição super dinâmica e do qual não conseguimos nem piscar com medo de perder algum detalhe da história.



Publicada no Brasil pela Skript Editora, Peepland vem em um encadernado de capa cartão de 132 páginas que reúne as cinco edições com a história completa, tudo impresso em papel de alta gramatura e com extras que trazem desde a história dos autores até suas experiências de vida e comentários sobre a história. E o melhor: com uma qualidade editorial e gráfica de encher os olhos, com as cores pulando pra fora da HQ a cada virada de página.

Um quadrinho muito longe do universo de super-heróis, com um enredo policial dinâmico e que não se rende a finais felizes.

Ótima leitura, vale a pena!


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