Review: Vokonis – Odyssey (2021)


Em uma época onde o acesso à música está mais fácil do que nunca, é curioso que faltem veículos que indiquem para os ouvintes quais bandas, artistas e álbuns, nesse oceano sonoro imenso, valem a pena conhecer. Vivemos em uma realidade onde a MTV se transformou em um canal de reality shows, onde a VH1 perdeu a sua relevância e as rádios já não possuem a força que um dia tiveram. Sobraram os apps de streaming, cujo trabalho de curadoria recomendando músicas e discos é guiado pelo investimento das gravadoras e não por um propósito artístico.

Quem sobrou? Quem faz jornalismo musical na era digital. Sites, blogs, canais no YouTube, perfis no Instagram. E o próprio fã, aquele cara que está sempre pesquisando algo e faz questão de compartilhar suas descobertas.

O Vokonis é uma dessas pérolas. Um achado trazido para o Brasil pela Hellion Records, que já havia lançado o álbum anterior do trio sueco, Grasping Time (2021), e agora trouxe Odyssey, seu mais recente trabalho. Formada por Simon Ohlsson (vocal e guitarra), Jonte Johansson (vocal e baixo) e Peter Ottoson (bateria), a banda entrega um som que traz influências de Mastodon e Baroness, porém com uma abordagem mais crua e com pitadas de stoner.

Odyssey vem com apenas seis faixas, uma delas beirando os nove minutos e outra superando a barreira dos doze. É agressivo, é pesado, é melodioso. É violento, é agressivo. E, acima de tudo, é um som agradável de se ouvir, baseado nos riffs de Ohlsson e na simetria quase siamesa entre Johansson e Ottoson, com vocais que arranham o gutural – e fazem uso dele em alguns momentos - contrapostos com vozes limpas e harmonias que não dispensam a melodia.

A música de abertura, “Rebellion”, funciona como cartão de visitas. Já a canção que dá título ao álbum amplifica a receita e proporciona uma jornada repleta de peso e melodia. “Broken Wings” poderia figurar nos álbuns iniciais tanto do Baroness quanto do Mastodon. A parte final, com a cadência pesada de “Hollow Waters” e a viagem deliciosa proporcionada por “Through the Dephts”, que é a principal música do disco, deixa um gosto de quero mais.

A edição da Hellion vem em um digipack com laminação de brilho, que destaca ainda mais a bela capa, criada por Kyrre Bjurling.

O Vokonis é uma banda para ficar de olho e acompanhar de perto. Siga a recomendação da Collectors e você não irá se arrepender.


Comentários

  1. Ótima dica, Ricardo! Confesso que achei essa capa tão linda, quando a vi pela primeira vez, que tive ouvir que música viria de um trabalho tão ricamente ilustrado! Nem consegui ler o nome da banda, nem jamais tinha ouvido falar do Vokonis! Foi uma grata surpresa! Definitivamente, usufruir do trabalho de uma banda vai além de ouvir a música que ela faz. Fiquei fascinado pelo Vokonis! Banda espetacular! Espero que mais pessoas sigam sua recomendação. Abraços!

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