Quadrinhos: A Trilha da Mulher-Gato, de Ed Brubaker, Darwyn Cooke e Brad Rader (2016, Eaglemoss)


Ed Brubaker é um dos mais celebrados roteiristas da atualidade, com trabalhos autorais aclamados como Criminal, Matar ou Morrer e Pulp, além de passagens marcantes por personagens icônicos como Capitão América e Demolidor.

Mas um ponto pouco falado sobre Brubaker aqui no Brasil é o período em que o roteirista esteve à frente de diversos títulos do universo do Batman. Além da revista do alter ego de Bruce Wayne entre 2000 e 2002, Brubaker escreveu a aclamada Gotham Central entre 2003 e 2005, onde abordou os policiais de Gotham em uma cidade infestada por super-vilões e toda a família de coadjuvantes do Batman. Mas o foco aqui está no que ele fez entre esses dois trabalhos, e que marcou uma nova fase na trajetória da Mulher-Gato.

Trabalhando ao lado de outro gênio, o infelizmente já falecido Darwyn Cooke, Ed Brubaker assumiu a revista da Mulher-Gato em 2001 e permaneceu no título até 2005. Essa fase trouxe a personagem assumindo de vez o seu papel como uma anti-heroína e deixando para trás os tempos como criminosa, operando de uma nova maneira e com novos coadjuvantes ao seu redor. A fase marcou também a estreia do novo uniforme de Selina Kyle, totalmente redesenhado por Cooke e apostando em couro e acessórios, com um resultado muito mais contemporâneo do que o antigo traje surgido na década de 1940 e que destoava totalmente da realidade mais moderna dos quadrinhos.


Essa fase foi lançada pela Eaglemoss no volume 23 da Coleção de Graphic Novels DC Comics, intitulado A Trilha da Mulher-Gato, e proporciona uma leitura excelente. Com 160 páginas, o encadernado reúne dois arcos de histórias: Anódino, onde a personagem investiga um serial killer que está matando prostitutas, e Disfarces, que aborda a corrupção endêmica da polícia de Gotham. O primeiro é desenhado por Cooke e o segundo traz arte de Brad Rader. Ambos contam com a colorização de Matt Hollingsworth, que possui um estilo muito próprio e reconhecível e que casa com perfeição com histórias urbanas e com certo apelo noir como as criadas por Brubaker. A única crítica que faço é que esse volume da Eaglemoss traz os números de 1 a 9 da revista Catwoman, com exceção da edição 5. Seria legal ter toda a sequência aqui ...

O texto de Ed Brubaker é ótimo e prende o leitor com uma trama ágil e repleta de reviravoltas, bem ao estilo do roteirista norte-americano, que se especializou em histórias policiais. Darwyn Cooke apresenta uma narrativa gráfica absolutamente magistral e que traz elementos cinematográficos, característica que desenvolveu nos tempos em que criava os storyboards das séries animadas da DC Comics. Há sequências de quadros que são de cair o queixo, muitas vezes abrindo mão do texto ou com o mínimo de interferência das palavras. Rader também é excepcional e preserva algumas características de Cooke, o que faz com que a transição entre os estilos de ambos seja extremamente suave.



Essa fase de Brubaker na Mulher-Gato é ótima e pouco reconhecida aqui no Brasil, e uma dica interessante para ser contemplada com um omnibus pela Panini, que tem apostado bastante nesse formato. No Estados Unidos ela foi toda reunida em um tijolo de mais de mil páginas, o que facilitaria uma bem-vinda edição brasileira.

Se você curte histórias policiais e o universo do Batman, a Mulher-Gato de Brubaker e Cooke é uma leitura altamente recomendada.


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