Review: Slipknot – The End, So Far (2022)


The End, So Far
prova duas coisas. A primeira é que o Slipknot quer e precisa dar passos para fora da fórmula musical que consagrou a banda, e isso fica claro em diversos momentos do álbum. E a segunda é que, não importa se estamos falando de uma banda veterana nascida nos anos 1970 ou 1980 ou de um nome mais contemporâneo como o noneto norte-americano, a reação é sempre a mesma: saia do convencional e uma parcela considerável dos fãs não esconderão sua decepção.

Produzido pela banda ao lado de Joe Barresi (Kyuss, Queens of the Stone Age, Soundgarden), The End, So Far é apenas o sétimo disco do Slipknot em quase trinta anos de carreira – o grupo foi formado em 1995 em Des Moines, no Iowa. Sucessor de um de seus melhores trabalhos, o ótimo We Are Not Your Kind (2019), o álbum traz doze canções e pouco menos de uma hora de duração. O disco foi lançado no Brasil em CD jewel case pela Warner Music.

O que chama a atenção, de cara e sem muito esforço, é como o som do Slipknot está mais acessível em The End, So Far. Além disso, é um trabalho bastante climático, com passagens mais dramáticas em comparação aos anteriores. Porém, é também um disco bem irregular, com faixas legais se alternando entre canções que parecem estar no tracklist apenas para preencher espaço. Os grandes momentos do álbum estão na linda abertura com “Adderall” (uma das músicas mais contemplativas já gravadas pela banda e totalmente fora da caixa do que se espera do grupo), “The Dying Song (Time to Sing)”, o single “The Chapeltown Rag“, Yen” e “Medicine for the Dead”, as duas últimas se enquadrando na característica mais dramática que citei antes. Entre as faixas dispensáveis temos “Warranty” (que só repete a receita do que a própria banda já fez melhor em inúmeras vezes no passado), a anêmica “Acidic” e “Heirloom” (outro exemplo de voltas ao redor do próprio rabo). Em sua parte final o disco cresce novamente com a sequência “H377”, “De Sade” (a melhor das três) e climático encerramento com “Finale”.

The End, So Far mostra o Slipknot experimentando novos caminhos e não tendo medo de sair da caixa, o que não apenas é louvável mas essencial para que a banda se mantenha relevante. É curioso também perceber que os momentos mais baixos do álbum acontecem justamente quando os caras não saem da sua zona de conforto e apenas repetem, de forma pior, o que já entregaram com maestria em trabalhos anteriores. O público do Slipknot talvez não esteja preparado para ver a banda evoluindo cada vez mais e colocando a cara para bater em uma nova abordagem musical, que é o que acontece em grande parte do novo disco. No entanto, essa é uma resposta que só o tempo dirá.


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