Entre todas as obras de Wolfgang Amadeus Mozart, a que mais me impressiona é a Sinfonia No. 40. Sou fascinado por suas camadas musicais desde a primeira vez que a ouvi. Usando uma linguagem mais contemporânea, ela me soa como layers entrelaçados em uma espécie de Photoshop sonoro espetacular. A genialidade em uma de suas mais sublimes manifestações.
Intitulada “Symphony No. 40 in G Minor”, foi composta por Mozart em 1788. O maestro e pianista austríaco trabalhou em três sinfonias de forma simultânea no período de apenas algumas semanas, as outras duas sendo a 30 e a 41. Estudiosos apontam que, na verdade, Mozart compôs as três como uma obra unificada, e um indício disso é que a 40, que é a mais conhecido do trio, foge do padrão convencional da música erudita e não possui introdução e nem um grand finale, justamente por ser uma obra intermediária.
Falecido em 1791, historiadores especulam que Mozart nunca ouviu a Sinfonia No. 40 sendo executada. Alguns inclusive teorizam que Mozart a escreveu – junto com a 39 e 41 – como obras para eternidade, uma espécie de testamento musical, já que a infecção que o matou, com apenas 35 anos, se desenvolveu ao longo dos anos. Essas especulações nunca foram comprovadas e alimentam o mito do compositor austríaco, um dos maiores nomes da história da música.
Reconhecida como uma das suas melhores obras, a primeira gravação conhecida da “Symphony No. 40 in G Minor” foi no ano de 1915, executada pela The Victor Concert Orchestra conduzida pelo maestro Walter B. Rogers.
A Sinfonia No. 40 influenciou outros gigantes. Beethoven era um grande fã não só dela, mas de toda a obra de Mozart, e transcreveu 29 compassos da quadragésima sinfonia em seus cadernos de composição. Alguns desses compassos foram encontrados nos primeiros esboços da 5ª. Sinfonia de Beethoven, que tem o seu terceiro movimento semelhante à Sinfonia 40. Franz Shubert também se inspirou na composição, o mesmo acontecendo com Joseph Haydn. Indo para tempos mais contemporâneos, Vince Guaraldi, um dos maiores nomes da música norte-americana, adaptou a composição para o jazz na faixa de abertura do álbum From All Sides, lançado em 1964.
A música erudita ou clássica – chame como quiser - pode intimidar, em um primeiro momento, os ouvintes acostumados a ouvir apenas gêneros como rock, metal e outros, mas a força de gênios como Mozart e suas obras imortais quebra qualquer eventual resistência. A experiência é muito gratificante e não só amplia o vocabulário musical de quem se aventura por esse universo riquíssimo, mas também mostra como as obras de centenas de anos atrás seguem impactando e influenciando artistas contemporâneos dos mais variados gêneros musicais.
Pra ajudar a dar os seus primeiros passos na obra de Mozart e outros grandes compositores clássicos, mergulhe na playlist abaixo:
Comentários
Postar um comentário
Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.