Review: Wizards – Seven (2022)


E 2022 nos reservou uma bela surpresa: o retorno do Wizards após mais de uma década sem material inédito. A banda está de volta com nova formação centrada, como sempre, no vocalista e líder Christian Passos, que agora conta com Leo Mancini (guitarra, ex-Shaman e Tempestt), Charles Dalla (teclado), Mendel Ben Waisberg (baixo) e Gabriel Triani (bateria) ao seu lado.

Seven é o sucessor de The Black Knight (2010) e foi lançado pela Metal Relics com tiragem de 1.000 cópias em uma edição em digipack com três faces, capa laminada e encarte de dezesseis páginas com todas as letras. A capa, que usa elementos do logo da banda, foi criada por Alcides Burn. Já a produção foi assinada por Dalla. Todas as faixas tiveram a parte musical composta por Christian Passos e as letras escritas por Charles Dalla.

Uma breve intro antecede “Pain”, uma das melhores músicas do álbum, com melodias muito bem construídas que colocam a canção em um nível superior. O clima se mantém alto com “Living Undercover”, e aqui fica clara uma das qualidades do Wizards: conseguir tornar o power metal, um gênero que soa repetitivo em mãos menos talentosas, em algo não apenas empolgante e cativante, mas acima de tudo um tipo de música impregnado com a identidade única da banda, responsável por turbinar o ouvinte para os mais altos níveis de endorfina.

A banda tira o pé em “Rising Sun”, que apresenta certa influência de Queensrÿche e traz em sua parte mais calma a bela voz de Passos acompanhada por orquestrações. A pegada hard/heavy é mantida em “Tell Me”, enquanto “In the Night” mostra que o Wizards é capaz de soar contemporâneo e moderno sem abrir mão de suas características. Com grandes doses de peso, é uma das grandes canções do álbum. Esse ar de contemporaneidade continua em “Call My Name”, que conversa sem cerimônia com o lado mais acessível do hard rock e do melodic rock e possui um refrão extremamente grudento.

Seguindo a escola Avantasia, o Wizards elimina as barreiras entre o metal melódico e o hard rock na ótima “I Wanna Know”, que teria tudo para se transformar em um single de enorme potencial se as rádios brasileiras não apenas tocassem rock, mas voltassem seus olhos também para as bandas nacionais. “Is It Love?” segue na mesma linha.

A pegada power retorna em “Storm the Highway”, feita na medida para os fãs mais antigos. Um início mais climático introduz “Dawn of the World”, repleta de mudanças de andamento e uma das canções mais intrincadas do álbum, que deságua em um mar de acessibilidade graças às linhas vocais inspiradíssimas de Passos. O encerramento acontece com a balada “Grateful”, que, pelo menos para mim, soa abaixo das demais músicas e poderia ter ficado de fora do tracklist final.

O grande destaque vai para Christian Passos, cujo timbre de voz o fez ser chamado de "Michael Kiske brasileiro" por uma parcela de fãs mais apaixonados. O vocal é realmente incrível, e fica ainda mais forte devido ao talento de Christian em compor melodias vocais. Os demais músicos são todos do mais alto nível, e o destaque vai para o trabalho de Leo Mancini, instrumentista de enorme talento e que deveria ser mais reconhecido.

Seven é um grande retorno de uma banda que deixa claro que ainda tem muito o que mostrar. A passagem do tempo fez bem ao Wizards, que soa mais experiente e entrega um trabalho muito consistente e que deve se tornar, sem esforço, um dos preferidos dos fãs.


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