Review: The Hellacopters – Eyes of Oblivion (2022)


Pra quem gosta de rock, o som de guitarras “apitando” antes do início de uma música é um dos elementos de antecipação mais familiares. E é justamente com essa sensação que Eyes of Oblivion, novo álbum do The Hellacopters, abre. Primeiro disco da banda em quatorze anos, desde Head Off (2008), o CD marca o retorno do quinteto sueco, um dos nomes mais legais surgidos no rock durante a década de 1990 e 2000.

Tendo o vocalista e guitarrista Nicke Andersson como figura central (o cara tem também o Imperial State State Electric e é baterista do Lucifer, banda onde divide os holofotes com a esposa Johanna Sadonis), o Hellacopters conquistou de imediato os ouvidos rockeiros com discos sensacionais como High Visibility (2000) e By the Grace of God (2002), e Eyes of Oblivion mantém essa tradição. O que temos são músicas energéticas, cativantes pra caramba e que despejam riffs e melodias sem maiores pudores, tudo devidamente amparado por refrãos redondos, uma performance sanguínea e a acessibilidade característica da banda.

Um ponto de destaque é o retorno do guitarrista original, Dregen (também no Backyard Babies), que assumiu o posto de Robert Dahlqvist, falecido em 2017. Isso reforça ainda mais o sentimento de volta às origens, explicitado em canções fortes como “Reap a Hurricane”, a grudentíssima música que batiza o disco e “Tin Foil Soldier”, essa última com harmonias de guitarra que remontam aos primeiros anos do southern rock. O disco traz também momentos de respiro no blues malandro de “So Sorry I Could Die” e nas atmosferas mais suaves - pero no mucho - de “A Plow and a Doctor” e “The Pressure’s On”.

Eyes of Oblivion, que foi lançado no Brasil pela Shinigami Records, é um álbum na medida do que se esperava de um retorno do The Hellacopters, e por isso mesmo é um dos destaques de 2022.

Uma da frases mais verdadeiras que a humanidade já cunhou foi aquela eternizada por Mick Jagger: "It’s only rock and roll, but I like it". Nicke e sua turma seguem essa cartilha à risca. Só nos resta curtir, e muito, um álbum como esse!


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