Review: Caroline Polachek - Desire, I Want to Turn Into You (2023)


Ao dar play em Desire, I Want to Turn Into You, segundo álbum da cantora norte-americana Caroline Polachek, a primeira referência que me veio à cabeça foi Kate Bush, muito pela exuberância vocal mostrada na música de abertura, “Welcome to My Island”.

Figura aclamada nos bastidores da indústria – foi indicada ao Grammy pelo seu trabalho como produtora e engenheira de som do álbum autointulado lançado por Beyoncé em 2014, além de diversos outros trabalhos -, Polachek surgiu como vocalista do duo de synthpop Chairlift, com quem gravou três discos. Sua estreia solo aconteceu após o fim da banda, com o elogiado Pang (2019), e a ascensão continua com o novo trabalho – Polachek foi a atração de abertura de uma das etapas da turnê do álbum Future Nostalgia, de Dua Lipa.

Produzido pela própria Caroline ao lado de outros produtores, o álbum traz doze faixas e apresenta um pop muito bem feito, com direito às participações especiais de Dido e Grimes em “Fly to You”. O trabalho de estúdio demonstra uma meticulosidade evidente, porém sem abrir mão da temperatura e da vibração das canções. Não há autotunes e similares por aqui, e eles não seriam bem-vindos pois nos privariam de um talento vocal imenso.

O disco é apontado como sendo um trabalho de art-pop e pop alternativo pela crítica, porém aos meus ouvidos ele soa como um álbum de música pop que não tem medo de experimentar, indo de canções mais acessíveis a experimentações como new age, trip-hop, eletrônica e até mesmo rock. Trata-se de um trabalho bastante eclético – o violão flamenco de “Sunset” é um dos ingredientes dessa variedade -, o que faz da audição algo imprevisível, com uma surpresa a cada faixa.

Ainda que perca um pouco de sua força na parte final, onde o disco desacelera um pouco e perde o ritmo, o resultado é super positivo e mostra uma artista que deve ganhar muito destaque nos próximos anos se seguir com o alto nível apresentado em seus dois álbuns solo. Canções como “Bunny is a Rider”, “I Believe” e “Fly To You”, além da ótima música de abertura, apontam para isso.


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