Rival Sons retorna diferente em Darkfighter, e essa é uma excelente notícia


O Rival Sons chega ao seu oitavo álbum tendo uma tarefa ingrata: superar a sua obra-prima. Feral Roots (2019), disco anterior dos californianos, é o melhor trabalho do grupo e colocou a banda de vez entre os grandes nomes surgidos no rock na última década. O passo seguinte foi dividido em dois capítulos: Darkfighter, lançado em 2 de junho, e Lightbringer, que chegará no final do ano.

Agora oficialmente um quinteto com a efetivação do tecladista Todd Ogren – que desde 2014 acompanha a banda nos shows -, o Rival Sons segue mostrando porque alcançou o status que atingiu. Como todos os álbuns da banda, a força do disco já fica evidente na primeira audição, mas quanto mais nos habituamos com as canções, mais elas crescem. “Bird in the Hand”, por exemplo, é uma das mais fortes e possui um refrão que não sai tão fácil da cabeça. “Bright Light” mostra a banda ampliando a sua sonoridade em uma canção que vai muito além do hard rock com elementos de blues, e se revela uma faixa com a cara do Rival Sons e que só o Rival Sons poderia ter gravado. Essa música também mostra a maturidade do grupo em outro aspecto: quanto surgiu, a banda era muito comparada ao Led Zeppelin pela clara semelhança sonora, mas agora as influências da turma de Jimmy Page, mesmo ainda presentes, não são mais protagonistas, mas um elemento perceptível de forma saudável e inspiradora.

O grupo têm algumas cartas na manga, e elas seguem fazendo a diferença. Jay Buchanan é um vocalista de enorme talento, e, como convém, fica melhor a cada ano. Com um timbre poderoso e uma capacidade enorme para aplicar doses certeiras de feeling em suas interpretações, brilha mais uma vez. “Rapture” talvez seja o grande exemplo disso. Já o guitarrista Scott Holiday é o maestro do quinteto, com sua Gibson Firebird conduzindo as canções através de riffs fortes e solos que não deixam nada a desejar aos grandes nomes do instrumento. “Nobody Wants to Die”, primeiro single e hit instantâneo, mostra disso.

As mudanças de dinâmica de “Guillotine”, que varia entre passagens pesadas e momentos de calmaria – a infalível receita “luz e sombra” que a banda aprendeu com Page e o Led Zeppelin e explora também nos andamentos quebrados de “Mirrors”, que abre o disco -, fazem dessa faixa não só uma das mais fortes de Darkfighter, mas também uma das grandes composições da carreira do Rival Sons. “Horse’s Breath” é mais um momento de destaque, com as texturas do teclado de Ogren dando a sustentação para a banda toda brilhar de forma intensa. A majestosa música título encerra o álbum com um mergulho sombrio nos anos 1970.

Com apenas quarenta minutos, Darkfighter é um álbum conciso e sólido, que apresenta o Rival Sons experimentando novos caminhos em mais um passo da evolução fabulosa que o grupo apresenta desde a sua estreia, em Before the Fire (2009). Embora não alcance a grandiosidade de Feral Roots, que é uma obra singular, isso se torna secundário diante do fato de que a banda entrega, mais uma vez, um trabalho excelente e que a reafirma como uma das principais formações do rock contemporâneo.


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