A melancolia pode ser uma inspiração. O Blur mostrou isso durante toda a sua carreira, transformando sentimentos não tão positivos em lindas canções. E essa abordagem parece dar o tom de The Ballad of Darren, primeiro álbum da banda britânica em oito anos e sucessor de The Magic Whip (2015). A sonoridade é melancólica e contemplativa na maioria das canções, quase funcionando como uma trilha sonora para tudo que aconteceu no mundo desde 2020. Damon Albarn, vocalista, líder e principal compositor, adorna a música do Blur com influências de nomes lendários como Lou Reed e referências mais contemporâneas como Radiohead, porém sem jamais perder o apelo pop que faz parte da identidade do grupo.
O nono álbum do quarteto apresenta dez canções na edição normal e mais duas na versão deluxe, que foi a lançada no Brasil pela Warner. A edição em mídia física é linda, com um CD em embalagem quadrada no formato mini vinil e encarte acoplado, com quatorze páginas trazendo todas as letras. Além disso, a versão nacional vem com um pôster com a linda capa, além de um providencial compartimento para acondicionar o CD de forma mais segura.
Desde que o rock conquistou e revolucionou o mundo lá nos anos 1960, muitos textos foram escritos a respeito de como os artistas do gênero soariam quando ficassem mais velhos e alcançassem a maturidade. É uma questão com muitas respostas e excelentes exemplos, como nos mostram nomes como Bruce Springsteen, Paul McCartney e os Rolling Stones, esses últimos também com um novo álbum neste 2023. O Blur, no entanto, entrega um dos exemplos mais belos e inspirados da união entre o rock e a idade adulta. Do alto dos seus 55 anos, Damon Albarn conduz a banda através de canções que deixam a rebeldia (muitas vezes vazia) de lado e exploram camadas sonoras diversas, alcançando um resultado único.
O quarteto inglês levou oito anos para lançar The Ballad of Darren, mas a espera valeu a pena. Facilmente um dos grandes álbuns do ano.
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