2023 foi mais um ano com excelentes lançamentos musicais, contradizendo, pela enésima vez, a opinião míope e equivocada de quem adora arrotar o discurso de “não tem mais nada de bom sendo feito”. Tem sim, e muita coisa. O que está em extinção, na verdade, é o ouvinte interessado em novidades, já que o mercado musical parece mergulhado cada vez mais em uma onda de saudosismo sem fim.
Abaixo estão os melhores discos que ouvi durante o ano. E não, eu não “esqueci” de nenhum álbum e não “faltou” nenhum disco. Se um título não está aqui, é por uma razão bem simples: ele não entrou na lista.
Se você ainda não conhece ou não ouviu alguns desses discos, aproveite para conhecer e divirta-se, pois todos os citados são excelentes.
Esses foram os 25 melhores álbuns de 2023 na opinião da Collectors Room:
25 Edu Falaschi - Eldorado
Edu Falaschi reinventou a sua sonoridade em Vera Cruz
(2021), reunindo uma banda repleta de músicos extremamente técnicos e
entregando um som que pode ser definido como uma espécie de power metal
extremo, elevando à potência máxima o que ele e o baterista Aquiles Priester já haviam feito durante a sua passagem pelo Angra no clássico Temple of Shadows (2004).
Eldorado aprimora essa nova abordagem musical de Falaschi, corrigindo alguns
excessos do álbum anterior e refinando ainda mais a musicalidade em
composições muito bem construídas. Um excelente álbum dentro daquilo que se
propõe, que é resgatar os áureos tempos do power metal tocado com muita
velocidade, arranjos épicos e doses gigantes de técnica.
24 Rival Sons - Darkfighter/Lighbringer
O Rival Sons lançou dois álbuns este ano, Darkfighter e
Lightbringer, ainda que o segundo possa ser definido como uma espécie de EP.
Uma das bandas mais marcantes do rock da década de 2010, o agora quinteto
norte-americano apresentou em seus oitavo e nono trabalhos a consistência que a
definiu ao longo dos anos, ainda que ambos não alcancem o mesmo nível do
excepcional Feral Roots (2019) e de discos excelentes como Head
Down (2012) e Great Western Valkyrie (2014). Notadamente Darkfighter, que é um
trabalho extremamente conciso e sólido ao mesmo tempo em que traz a banda
experimentando novos caminhos, demonstra porque o Rival Sons segue sendo uma
das grandes bandas do nosso tempo.
23 Blur - The Ballad of Darren
Retornando de um hiato de oito anos - e, ao que parece, já mergulhando em outra pausa na carreira, segundo declarações recentes do vocalista Damon Albarn -, o Blur soa contemplativo, denso e até mesmo melancólico em The Ballad of Darren, álbum que, passados três anos da pandemia, reflete o que o mundo viveu naqueles tempos sombrios. Mestre das melodias e craque na arte de transmitir emoções, Albarn conduz o Blur por uma jornada musical arrepiante e que convida o ouvinte a estar no mesmo espírito, deixando o cotidiano para trás e mergulhando com a banda em um trabalho que, ao se permitir revelar toda a sua beleza, conquista a cada nova audição.
22 Hugo Mariutti - The Last Dance
Há anos Hugo Mariutti vem construindo uma carreira solo totalmente distante do metal. O guitarrista do extinto Shaman e principal parceiro de Andre Matos em sua carreira solo, mostra em The Last Dance não só uma faceta musical surpreendente, mas, sobretudo, o tipo de som que o motiva a continuar sendo músico. Com muita influência de pós-punk e sonoridades da década de 1980, Hugo canta suas emoções de forma encantadora, o que torna The Last Dance um trabalho não apenas muito bom, mas, acima de tudo, extremamente bonito.
21 Crown Lands - Fearless
Ainda que extremamente influenciado pelo Rush, o Crown
Lands merece estar em uma lista de melhores álbuns de 2023. Igualmente
canadense como o clássico trio formado por Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil
Peart, o grupo mostrou em seu segundo disco uma sonoridade complexa e
cativante, mas que ainda carece de um afastamento maior de sua maior
inspiração, que é justamente o Rush da fase setentista. E isso deve acontecer
nos próximos álbuns, com o duo encontrando a sua própria personalidade de
forma mais clara e sem precisar referenciar, quase literalmente e de forma constante, os seus heróis, como
fez em várias canções de Fearless. Apesar disso, o segundo capítulo da
discografia da banda é uma obra com diversos atrativos, e que mostra que o
talento para alçar voos maiores está presente, só falta a banda não ter medo de
decolar com as suas próprias asas.
20 Electric Mob - 2 Make U Cry & Dance
Em um outro momento, o Electric Mob seria uma banda
aclamada e com um público muito maior no Brasil. A banda curitibana é excelente
e entrega um hard rock contemporâneo construído através de grandes composições,
cuja cereja do bolo é o excepcional vocalista Renan Zonta. Deslocado no tempo e
também geograficamente – todo mundo elogia a cena sueca de hard rock e
desconhece o Electric Mob, que está aqui no Brasil, por exemplo -, o quarteto
chegou ao seu segundo disco este ano e, mais uma vez, mostrou que é uma das
grandes bandas brasileiras da atualidade. Já passou da hora de o público descobrir isso.
19 Fever Ray - Radical Romantics
Este álbum me impactou bastante durante o ano,
notadamente nos meses iniciais de 2023. Pseudônimo da sueca Karin Dreijer,
Fever Ray aposta não só na estranheza visual, mas, notadamente, na inovação
musical. Este é o seu terceiro álbum, e a música bebe na música eletrônica para entregar ideias inovadoras e fora do convencional, ainda que
as composições sejam sempre permeadas por um onipresente apelo pop, o que
facilita a assimilação. “Shiver” é uma das grandes canções do disco e uma das
músicas que me acompanharam durante o ano, mas o álbum entrega muitas outras
surpresas para quem não tem medo de se aventurar por algo diferente.
18 Wytch Hazel - IV: Sacrament
Os ingleses do Wytch Hazel resgatam uma espécie de hard
& heavy que traz tanto influências da NWOBHM quanto de bandas que tinham na
melodia o seu ponto forte, como é o caso do sensacional Thin Lizzy. O quarto
álbum do quarteto traz uma profusão de harmonias de
guitarra que imprimem um ar de anos 1980 ao material, porém a banda consegue
fugir do saudosismo puro e simples, com uma sonoridade que, apesar de partir de
elementos de épocas passadas, soa renovada e inspiradora. Disco pra pegar a
estrada sem destino ou apenas ouvir no volume máximo em casa, na rua
ou onde você estiver.
17 Gov't Mule - Peace ... Like a River
Desde a sua formação, ainda como um trio lá em 1994, o
Gov’t Mule construiu uma das discografias mais impressionantes que se tem
conhecimento. Sempre liderada pelo vocalista e guitarrista Warren Haynes e
atualmente um quarteto, a banda mantém a qualidade nas alturas com o seu décimo
terceiro álbum, Peace ... Like a River. Rock repleto de feeling com os vocais cheios de emoção de Haynes, que conduzem canções muito bem compostas e
tocadas por uma banda absolutamente incrível. Os solos de Warren são a cereja
do bolo, levando adiante a rica tradição do rock norte-americano, que ele
aprendeu na prática durante os seus vinte e cinco anos como integrante da Allman Brothers. O
Gov’t Mule raramente erra, e aqui acertou no alvo mais uma vez.
16 Hurricanes - Hurricanes
O Hurricanes chamou a atenção ao abrir o show que o The Black Crowes fez no Brasil este ano, e com razão. A audição do primeiro álbum da banda mostra os motivos. O quarteto brasileiro executa um blues rock competentíssimo, totalmente cantado em inglês, e que não fica devendo nada para os principais nomes do estilo. Se você curte um som poeirento, com ótimas guitarras e grandes interpretações vocais, está aqui um dos melhores discos de 2023. Que venham mais trabalhos assim nos próximos anos.
15 Green Lung - This Heathen Land
O Black Sabbath foi a banda mais importante da música pesada, o marco zero de um dos gêneros musicais mais populares dos séculos XX e XXI. Mas o grupo encerrou as suas atividades em 2013, após décadas de serviços prestados. O legado do quarteto segue vivo no DNA do metal, e fica mais evidente em algumas bandas, como é o caso do Green Lung. Também ingleses, o quinteto entregou em seu terceiro trabalho uma pérola repleta de riffs contagiantes, muito peso e vocais que ecoam um jovem Ozzy, tudo embalado com pontuais doses de psicodelia. Quando a saudade do Black Sabbath bater, aqui está o antídoto.
14 The Struts - Pretty Vicious
O The Struts é uma das bandas mais legais que o mundo viu
nascer nos últimos anos. Embebidos em doses enormes de glam e com influências
que vão de David Bowie a T. Rex, passando no caminho pelo Queen, os ingleses
chegam ao seu quarto álbum corrigindo os deslizes do disco anterior e
entregando uma deliciosa coleção de canções feitas para cantar, dançar e se
divertir. Afinal, o rock é sobre isso, certo?
13 Ghost - Phantomime
Ainda que seja um EP de covers, Phantomime merece estar
na lista de melhores do ano por vários motivos. O principal é a imensa
capacidade que o Ghost possui de imprimir a sua própria identidade em canções de outros artistas,
sejam elas clássicos como “Phantom of the Opera”, do Iron Maiden, ou um hit
planetário como “We Don’t Need Another Hero”, de Tina Turner. Ambas, apesar de
super conhecidas, ganharam novas cores pelas mãos dos mascarados suecos,
notadamente a segunda, que soa como se tivesse sido composta pelo Papa e seus
discípulos. As demais faixas do EP – “See No Evil” do Television, “Jesus He
Knows Me” do Genesis e “Hanging Around” do The Stranglers – reforçam ainda mais
essa percepção, pois são pérolas resgatadas com precisão pelo Ghost e que soam
como canções que acabaram de sair do forno. O Ghost é único, e Phantomime prova
isso mais uma vez.
12 Blackbraid - Blackbraid II
O Blackbraid já havia chamado a atenção com o seu álbum
de estreia, lançado em 2022, e comprova a excelente primeira impressão com o
segundo disco. Formada por músicos nativo americanos, a banda se destaca por
explorar em seu black metal temas líricos que fogem do habitual, levando a
abordagem popularizada pelas bandas norueguesas durante os anos 1990 até a
imensidão geográfica e cultural dos Estados Unidos. O resultado é uma música cativante
e poderosa, que impressiona desde o primeiro acorde e coloca grupo liderado pelo vocalista e multi-instrumentista Jon Krieger entre os nomes mais
inquietantes da cena extrema atual.
11 Royal Thunder - Rebuilding the Mountain
Após seis anos, o Royal Thunder retornou para
“reconstruir a montanha”, como informa o título de seu quarto álbum. O terceiro
disco, Wick (2017), foi aclamado, mas a banda passou por uma grande separação e
ressurgiu agora como um trio. O som, no entanto, segue incrível. Com a poderosa
voz de Mlny Parsonz à frente, o Royal Thunder entrega uma música singular e
poderosa, com os vocais femininos sendo amparados por um instrumental que traz
influências que vão dos anos 1970 ao grunge. O resultado é um senhor álbum, que
mostra que a banda ainda tem muito para mostrar e conquistar.
10 The Rolling Stones - Hackney Diamonds
Ninguém esperava um novo álbum dos Stones a essa altura
da carreira da banda inglesa. E, acima de tudo, ninguém esperava um disco tão bom. Mick
Jagger, Keith Richards e Ron Wood são lendas vivas, e, mesmo sem Charlie Watts,
falecido em 2021, mostraram em Hackney Diamonds que ainda tem algo a ensinar.
Fazia dezoito anos que o grupo não lançava um trabalho com novas músicas – desde A
Bigger Bang (2005), já que Blue & Lonesome (2016) trouxe releituras para
clássicos do blues -, e esse intervalo que é do tamanho de uma vida serviu de
inspiração para a banda mais emblemática do rock nos presentear com um álbum
que é, ele próprio, uma extensão de suas vidas. Os Stones provavelmente subirão
em um palco até o fim de seus dias. E, a julgar pela energia e disposição que
ouvimos em Hackney Diamonds, seu futuro é mais longo do que a maioria de nós um dia acreditou.
9 Angra - Cycles of Pain
Dizem que o segundo álbum do Angra com cada um de seus
vocalistas acaba se transformando no melhor trabalho daquela fase. Holy Land (1996)
iniciou a tradição, e Temple of Shadows (2004) a comprovou – ainda que Rebirth
(2001) não fique nada atrás, é bom lembrar. Na prática, Cycles of Pain é o
segundo trabalho do Angra com Fabio Lione, já que em Secret Garden (2014) ele
era muito mais um vocalista convidado do que um integrante em tempo
integral. O novo disco é surpreendente por trazer momentos de beleza indiscutíveis e que comprovam que,
mesmo cercado por polêmicas em grande parte da sua trajetória, o Angra sempre
foi – e continua sendo – uma banda fundamental e única na história da música
brasileira.
8 Metallica - 72 Seasons
O Metallica vivenciou uma pandemia intensa sobrevivendo
a mais uma internação de James Hetfield, e transformou a experiência de seu
líder e os momentos intensos e sombrios que vivemos nos últimos anos em um
álbum raivoso, com uma crueza onipresente e com letras pra lá de confessionais
e autobiográficas. Há tempos que o quarteto de San Francisco não precisa provar
nada a ninguém, bem como há anos é confrontada por fãs saudosistas que desejam
um retorno há um passado pra lá de distante. O som que o Metallica construiu em
sua carreira tem muito mais elementos do Black Album (1991) do que dos seus
três clássicos primeiros discos, e isso ficou evidente a partir do subestimado
Load (1996). 72 Seasons é mais um capítulo de uma discografia que, ainda que
tenha algumas inegáveis derrapadas, sempre foi corajosa e nunca teve medo de
experimentar. Aqui, a banda substituiu o brilhantismo melódico e a inspiração
luminosa de Hardwired ... To Self-Destruct (2016) por uma experiência musical
que catalisou seus traumas, anseios e medos, e o resultado é um dos álbuns mais
transparentes e sinceros que a maior banda de metal de todos os tempos já entregou.
7 Lana Del Rey - Did You Know That There's a Tunnel Under Ocean Blvd
Lana Del Rey foi alçada ao status de musa quase divina, e não sem motivo. Sua discografia é muito sólida, com uma sonoridade que resgata elementos das décadas de 1950 e 1960, une tudo com um conceito artístico que bebe nos áureos tempos de Hollywood e embala esses ingredientes com arranjos refinados, orquestrais e sombrios que não se furtam de conversar com a música pop. O novo álbum de Lana é, provavelmente, um de seus trabalhos mais maduros, equilibrando críticas ao nosso tempo como uma aura de serenidade que permeia todo o trabalho. A trajetória de Lana Del Rey é uma história fascinante, que tem origem em um fenômeno indie que parecia que iria durar apenas um verão, mas se consolidou como uma das carreiras mais intrigantes da música contemporânea. E esse mais recente disco é uma das maiores provas dessa transformação.
6 Sleep Token - Take Me Back to Eden
Confesso que demorei para assimilar o Sleep Token. Mas,
quando a música da banda inglesa fez sentido para mim, a coisa mudou totalmente de
figura. Musicalmente, os londrinos unem o metal a influências peculiares como
Depeche Mode, metal alternativo e alguns toques de metal extremo, tudo isso
feito através de canções muitas vezes atmosféricas e que possuem uma dinâmica
própria, que frequentemente contrasta com a correria do mundo atual. O forte
impacto visual da banda, tanto nos figurinos quando nas máscaras e maquiagens,
é o toque final de uma receita muito bem feita. Logicamente, estamos falando de um grupo
que passa longe das regras convencionais da música pesada e, por isso mesmo,
ainda encontra muita resistência entre o público brasileiro, historicamente
apegada às sonoridades mais tradicionais do metal. Mas, para quem já foi conquistado
pelo Ghost e quer dar um passo além na riqueza e nas infinitas possibilidades
que não só o metal, mas a música como forma de expressão nos proporcionam, a diversão aqui
é garantida, com direito a boas e bem-vindas doses de estranheza.
5 Paramore - This is Why
O que me chamou a atenção neste disco foram as guitarras,
predominantemente angulares e com forte influência de Gang of Four. Elas me
levaram ao mundo do Paramore, uma banda que nunca dei muita atenção, mas que me
conquistou com o seu retorno em This is Why. As constantes mudanças de direção
dos arranjos, a influência pós-punk, a energia das composições e a voz
cativante de Hayley Williams construíram o restante dos elementos, e o disco
foi uma companhia constante durante todo o ano. Um trabalho agradável e
ensolarado, que marcou a volta de uma das bandas mais populares deste século.
Ouça, vale demais.
4 Depeche Mode - Memento Mori
Jamais vou entender aquele papo saudosista de que toda
banda fez seus melhores trabalhos nos seus anos iniciais. Me encanta o
envelhecimento aos olhos do público, a transformação que a maturidade traz e
como ela impacta a música que chega aos meus ouvidos. O Depeche Mode é um dos
maiores exemplos disso. Memento Mori é um álbum de uma banda sobrevivente, que
seguiu em frente após a morte de um de seus fundadores, o tecladista e
baixista Andy Fletcher. Reduzida ao duo Dave Gahan e Martin Gore, a banda
entregou em Memento Mori um disco belíssimo, resultado de anos de experiência e
que só poderia ter sido composto por artistas com muita história para contar.
As cicatrizes marcam quem somos, e o Depeche Mode, uma das
mais influentes, originais e importantes forças da música pop, fez questão de
mostrar isso em Memento Mori.
3 Host – IX
Dois dos músicos mais celebrados do metal contemporâneo,
Nick Holmes e Greg Mackintosh, juntos em um projeto que não tem nada a ver com a música pesada. O Host traz o vocalista e o guitarrista do Paradise Lost explorando
de maneira mais profunda a sonoridade um dos álbuns mais controversos da
banda, o polêmico Host (1999). O som é sombrio, com os teclados
tomando o lugar das guitarras e claramente influenciado pelo lado mais sombrio do
Depeche Mode. A música é gótica, densa, soturna e até mesmo pós-punk em certos
momentos, tudo conduzido pela voz grave de Holmes e pelas teclas inspiradas de Mackintosh. Dizem que os fãs mais
radicas de metal ficariam chocados se descobrissem o que seus ídolos ouvem, e
IX é a comprovação disso. O resultado é excelente, ainda
que nada agradável para ouvidos mais conservadores.
2 Baroness - Stone
Que alívio foi constatar que o Baroness retomou a
sonoridade cristalina e inspirada em Stone, após ter sido soterrado por
produções equivocadas em seus últimos discos, principalmente em Gold & Grey
(2019). Finalmente podemos ouvir a guitarra incrível de Gina Gleason se
entrelaçando com a de John Baizley, e o resultado é arrebatador. Nunca foi
fácil definir a sonoridade da banda norte-americana, e aqui não é diferente. É metal, é
stoner, é prog, é alternativo – mas, sobretudo, é uma música inspirada e que
provoca emoções em quem a ouve. O Baroness entregou em Stone um de seus
melhores álbuns, talvez abaixo apenas da obra-prima Yellow & Green (2012).
Se você acha que nada de interessante é feito no rock atualmente, aqui está um
álbum que vai mudar completamente a sua cabeça.
1 Crypta - Shades of Sorrow
A Crypta já havia impressionado em seu álbum de estreia,
Echoes of the Soul (2021), mas superou todas as expectativas em seu segundo
disco. Shades of Sorrow é um trabalho excepcional em todos os sentidos. As
guitarras da dupla Tainá Bergamaschi e Jéssica di Falchi impressionam em todas
as faixas, tanto pelos riffs quanto pelas bases, passando por harmonias que
beiram a perfeição e solos que transbordam inspiração. Aliás, a chegada de
Jéssica, que assumiu o lugar de Sonia Anubis, foi um ganho gigantesco para o
quarteto. A banda agora conta com uma das duplas de guitarristas mais talentosas e
entrosadas do metal mundial, e isso não é exagero. Luana Dametto é uma força da
natureza, e nasceu para tocar death metal. Suas linhas percussivas são sempre
criativas, não abrem mão da complexidade e colocam a música do grupo em um
nível superior. E Fernanda Lira é a frontwoman perfeita para a Crypta, talhada pelos
anos de estrada com a Nervosa e mostrando um crescimento e um amadurecimento evidente, tanto no aspecto musical quanto na própria relação com o mundo. Shades of Sorrow se transformou no álbum do ano para mim
desde a primeira vez que o escutei. Desde o primeiro play, senti que estava
diante de um disco muito especial. Em todos os aspectos, a Crypta tem tudo para
crescer muito mais nos próximos anos, com discos ainda melhores e shows ainda
mais incríveis do que os que já entrega para o público. A banda tem tudo para
se transformar não apenas em uma das maiores que o metal brasileiro já ouviu,
como também em um dos grandes nomes do metal extremo a nível planetário. E elas
estão apenas no segundo álbum, imagina só o que vem pela frente ...
A Minha lista com os 25 melhores discos desse ano ficou assim:
ResponderExcluir25º Walter Smith III - Return To Casual
24º Johnny Osbourne - Right Right Time
23º DeWolff - Love, Death & In Between
22º Alice Cooper - Road
21º The Brian Jonestown Massacre - The Future Is Your Pasta
20º Foghat - Sonic Mojo
19º Blur - The Ballad Of Darren
18º Rival Sons - Lightbringer
17º Crypta - Shades Of Sorrow
16⁰ Metallica - 72 Seasons
15⁰ Hawkwind - The Future Never Waits
14⁰ Ben Harper - Wide Open Light
13⁰ Spidergawd - Spidergawd VII
12⁰ Dirty Honey - Can't Find The Brakes
11⁰ Richie Ramone - Live To Tell
10⁰ Danko Jones - Electric Sounds
9⁰ Blood Ceremony - The Old Ways Remain
8⁰ Hurricanes - Hurricanes
7⁰ Evile - The Unknown
6⁰ Tygers Of Pan Tang - Bloodlines
5⁰ The Answer - Sundowners
4⁰ Rival Sons - Darkfighter
3⁰ Obituary - Dying Of Everything
2⁰ Depeche Mode - Memento Mori
1⁰ Rolling Stones - Hackney Diamonds
Excelente lista! Faltou aquela playlist marota pra acompanhar a leitura. Mais uma vez, parabéns pelo grande trabalho. Um bom jornalismo musical é raro nas últimas décadas.
ResponderExcluirFazer uma lista com "os 25 melhores discos de 2023" para mim não dá! É óbvio que o ano teve bons discos, mas não consigo pensar nesta quantidade de álbuns que de fato merecesse estar em uma lista minha do tipo. Sendo assim, vou citar apenas um disco de 2023 que de fato me pegou, o sensacional DESOLATION´S FLOWER do RAGANA. Seu minimalismo lento, arrastado, suicida e sem esperança foi o que de melhor ouvi esse ano e o desespero que emana do disco está bem de acordo com a contemporaneidade!!
ResponderExcluirOi Cleibsom...eu curto suas indicações...por favor, se puder...coloque mais alguns nomes que se destacaram para você nos últimos anos...ou só nesse ano mesmo para a gente conhecer. Abc
ExcluirCara, valeu pelas palavras! Quanto aos lançamentos de 2023, os discos que mais ouvi, além do citado anteriormente, não que eles sejam obras-primas ou coisa do tipo, foram FJORDLANDS - THE ELDERWOODS, TODOMAL - INFEROTRISTE, MADLIB - CHAMPGNE FOR BREAKFAST, PITTY - CASULO(apesar desse ser de 2022, mas só tomei conhecimento dele esse ano) e WARSHIPPER - ESSENTIAL MORPHINE. Quanto à novos artistas, alguns nem tão novos assim, gosto muito de HARAKIRI FOR THE SKY, DUDA BEAT, DEAFHEAVEN, LETRUX, MASTODON, RECAYD MOB, GOJIRA, PAPANGU(este já teve disco resenhado aqui com muitos elogios, e merecidos!), XXXTENTACION(sensacional!!Pena que o cara já morreu assassinado com apenas 19 anos), MADLIB e, o melhor de todos, o espetacular THE CHRONICLES OF MANIMAL AND SAMARA...
ExcluirOpa !!! Valeu...tem várias que nao conheço e já vou começar a escutar. Abcs
Excluir1. Cavalera Conspiracy - Morbid Vision e Bestial Devastation: Com o anúncio do encerramento do Sepultura, não tinha como não escolher essas 2 releituras pelos Cavalera de EPs do Sepultura lançados em 1985 e 1986. Ouvir Troop of Doom e outras, na voz do Max Cavalera e a cozinha do Igor Cavalera me fez viajar no tempo, quando comecei a amar o Sepultura, por ocasião de Arise. Título mais do que merecido.
ResponderExcluir2. Metallica - 72 Seasons: No início da audição, não curti, como curti de imediato o luminosa de Hardwired ... To Self-Destruct (2016). Bastou uma audição mais cautelosa e acurada, para adorar o disco novo...
3. Sleep Token - Take Me Back to Eden: Não conhecia a banda. A primeira audição me gerou um espanto. Não imaginei que este disco estaria na minha lista... Na 2a audição, tudo mudou e o disco ficou em um loop!! Há de tudo aqui nesse disco... Do Metal à pitadas de Jazz e até de hip Hop... A banda realizou neste sábado (16 de dezembro), o seu histórico show em Wembley, e que havia esgotado todos os seus ingressos desde junho deste ano. É uma promessa de uma baita banda, vamos acompanhar!
4. The Rolling Stones - Hackney Diamonds: Quem diria que esses caras com mais de 80 anos lançariam, depois de 18 anos, um disco de inéditas super maneiro? Taí, merece a minha 4a posição!
5. Angra - Cycles of Pain: Aquele metal melódico que o brasileiro tanto curte..
6. The Winery Dogs - III: Hard Rock contemporâneo e muito competente!
7. Cannibal Corpse - Chaos Horrific... O caos do melhor do Death!
8. Ed Motta - Behind The tea Chronicles - adorei esse jazz com Groove do Ed..
9. D.K. Harrell - The right man... Blues clássico lançado em 2023!!!!! Sensacional!
10. Angelus Apatrida - Aftermath.
11. Baroness - Stone.
12. Bloobound - Tales from The North.
13. Rival Sons - Darkfighter
14. Within Temptation - Bleed Out
15. Code Orange - The Above.
16. Royal Thunder - Rebuilding The Mountain.
17. Joe Bonamassa - Blues Deluxe vol 1 e 2.
18. Obituary – Dying of Everything
19. Horrendous - Ontological Mysterium.
20. In Flames - Foregone.
21. Cattle decapitation - Terrasite.
Menções honrosas:
1 - Slash - 4 (2022)
2 - Lacuna Coil - Comalies XX (2022).
Melhor música: Troop of Doom cantada pelo Max Cavalera .. Morbid Vision.
Música chiclete: Lorelei - The Winery Dogs.
Pior música: The General - Guns N' Roses... Meu Deus, o que fizeram com meu Guns??
https://open.spotify.com/playlist/376UmoFUhUwC283WnwTjlg?si=eJ8WxfGISY24GenwYS5sCA&pi=u--6z1PkHsSKik
Seelig sempre destacando os filés para a gente!!! Muito obrigado pela lista!!! Acompanho há anos!!!!
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