Review: Camel – Mirage (1974)


Mirage é o segundo álbum da banda inglesa Camel e foi lançado em 1 de março de 1974. O disco mostra uma evolução clara em relação ao já muito bom trabalho de estreia, autointitulado, de 1973. A sonoridade é graciosa e ambiciosa, um rock progressivo refrescante e com longas passagens instrumentais.

A música de abertura, “Freefall”, serve como um cartão de visitas para o universo do Camel. Repleta de melodias e mudanças rápidas de andamento, equilibra momentos de brilhantismo da guitarra e do teclado, entregando uma sonoridade complexa, porém acessível. Mirage possui duas longas suítes divididas em três partes, “The White Rider” e “Lady Fantasy”, que fechavam respectivamente o lado A e o lado B do vinil. As passagens instrumentais de ambas são incendiárias, mostrando toda a criatividade e capacidade dos músicos – a formação da banda na época contava com Andrew Latimer (vocal, guitarra e flauta), Peter Bardens (órgão, teclado e piano), Doug Ferguson (baixo) e Andy Ward (bateria).

Produzido por David Hitchcock (Genesis, Caravan, Renaissance), Mirage foi um sucesso inesperado na época, levando a banda para o Billboard 200 e sendo eleito pela revista inglesa The Beat Magazine como Álbum do Mês. O disco caiu nas graças dos fãs de rock progressivo, e com o passar das décadas solidificou o seu status como uma obra de grande importância para o gênero, sendo incluído inclusiva na lista de 50 Álbuns Essenciais do Prog publicada pela Rolling Stone – Mirage está na posição 21.


Vale mencionar que a capa de Mirage esteve envolvida em polêmica por emular, literalmente, a arte da embalagem dos cigarros Camel, uma das marcas de tabaco mais conhecidas do planeta. A fonte é a mesma, e a única diferença entre as ilustrações do camelo característico da marca e a paisagem de fundo é que ambas, na capa do álbum, tiveram um recurso gráfico aplicado para simular o efeito de miragem, fazendo uma alusão ao título do disco.

O Camel lançou dez álbuns até 1984, quanto entrou em um hiato que durou sete anos, e retornou apenas em 1991 com o disco Dust and Dreams. Desde então lançou apenas mais três trabalhos de estúdio, o mais recente deles em 2002. No entanto, Mirage é o álbum pelo qual o Camel é lembrado até hoje. Um momento de inspiração suprema, que colocou os holofotes na banda e foi suficiente para escrever o seu nome na história do prog.

Injustamente pouco reconhecido, o Camel é uma banda que merece ser redescoberta, e Mirage é um ótimo primeiro passo para conhecer o universo do grupo.

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