Percebemos a força de algo quando, ao usarmos comparações para demonstrar como um artista alcançou um pico de criatividade, indicamos determinado momento como exemplo de algo ótimo e que serve de parâmetro de qualidade. É isso que acontece com Dark Matter, novo álbum do Pearl Jam. Não são poucos os reviews que apontam o trabalho como um retorno da banda ao grunge – ou seja, usam uma comparação com algo de qualidade já comprovada e que sobreviveu ao teste do tempo.
Produzido por Andrew Watt, que nos anos recentes fez seu nome assinando álbuns celebrados de nomes como Ozzy Osbourne e Rolling Stones que já havia trabalhado com Eddie Vedder em Earthling (2022), terceiro disco solo do vocalista, Dark Matter revisita a sonoridade dos primeiros álbuns da mais longeva banda e maior sobrevivente da icônica cena de Seattle.
O disco está recheado de grandes momentos e transpira doses generosas de inspiração, características que farão os menos habituados com a carreira do Pearl Jam afirmarem que trata-se de o melhor álbum do grupo desde a estreia com Ten (1991), ignorando os vários discos tão bons quanto que o quinteto soltou desde então como Vs. (1993), Vitalogy (1994) e Yield (1998, o meu preferido), só para citar alguns. O fato é que a discografia do Pearl Jam é uma das mais consistentes do rock, e Dark Matter coloca mais uma peça sólida nessa fundação.
Perfeitamente executado e com os vocais cheios de personalidade e feeling de Vedder conduzindo tudo, o álbum tem canções excelentes como “Scared of Fear”, o sentimentalismo em estado bruto de “Something Special”, “Wreckage”, a estupenda música título, “Won’t Tell” e a espacial – e especial - “Upper Hand”.
O Pearl Jam chega a seu décimo segundo álbum com Dark Matter e a trinta e quatro anos de carreira como a grande banda que sobreviveu aos excessos do grunge para se estabelecer como um dos maiores nomes do rock das últimas décadas, chegando a esse status com passos consistentes e maduros após a fenomenal estreia. Hoje, soa como uma banda completa, que sabe explorar suas qualidades ao mesmo tempo que não abre mão de sempre experimentar algo novo. Talvez esse seja o segredo da longevidade, ou da juventude.
Eddie Vedder e sua turma sabem a resposta.
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