Review: The Black Keys – Ohio Players (2024)


O The Black Keys engrenou uma sequência de álbuns a partir de 2019 com o lançamento de Let’s Rock, todos discos que mostraram a banda olhando para o seu passado em maior – Delta Kream (2021) – ou menor grau – Dropout Boogie (2022). Ohio Players é o mais recente trabalho dessa quadrilogia e traz o duo formado por Dan Auerbach (vocal, guitarra, baixo, sintetizador e teclados) e Patrick Carney (bateria, guitarra, mellotron e sintetizador) entregando mais um álbum que equilibra despretensão e diversão. O resultado é um disco de rock muito bom de se ouvir, com um convite irrecusável pra bater o pezinho enquanto as músicas se sucedem e com alguns momentos de inegável brilhantismo.

São quatorze faixas em pouco mais de 44 minutos, onde a banda bebe sutilmente no blues rock mais cru dos primeiros trabalhos e também na bem azeitada união com o groove e a aproximação com o pop de álbuns hoje clássicos como Brothers (2010) e El Camino (2011).

Algumas são verdadeiras delícias grudentas como “Beautiful People (Stay High)”, onde um naipe de metais e coros bem encaixados fazem a diferença. “Don’t Let Me Go” é outro destaque imediato, com linhas vocais inspiradas e um refrão pra cantar junto. Em “Only Love Matters” encontramos mais uma gema pop do repertório do grupo, e que aqui me remeteu a Turn Blue, álbum lançado pela banda em 2014. Já “Candy and Her Friends” se destaca pelo balanço irresistível e pela participação do rapper Lil Noid.

A balada blues “I Forgot to Be Your Lover” desacelera o ritmo e é uma das músicas mais belas do disco, com uma grande interpretação de Auerbach. “Paper Crown” traz Beck e Juicy J. dividindo a voz principal com Dan e é outra que chama a atenção de imediato. “Read Em and Weep” traz o puro DNA do The Black Keys em uma faixa que agradará fãs de todas as fases do grupo, enquanto a dobradinha “Fever Tree” e “Everytime You Leave” fecha o álbum com doses de lirismo e balanço, respectivamente.

O The Black Keys provavelmente nunca mais gravará álbuns com a força para se tornarem fenômenos de popularidade como Brothers e El Camino, até porque Dan e Patrick parecem estar em outro momento de suas vidas e buscando outros objetivos. A julgar por Ohio Players, a meta parece ser apenas tocar, curtir e se divertir. O legal é que, ao ouvir o álbum, também sentimos a mesma coisa.


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