Review: Dua Lipa – Radical Optimism (2024)


Ainda que não apresente o frescor do álbum de estreia (2017) e nem a avalanche pop de Future Nostalgia (2020), Radical Optimism, terceiro disco de Dua Lipa, entrega algo que os dois trabalhos anteriores já mostravam em doses crescentes: maturidade e uma enorme dose de classe.

Lançado no início de maio, Radical Optimism traz onze músicas inéditas e forma uma coleção de canções pra lá de consistente. Os vocais são excelentes, enquanto a parte musical bebe muito em influências como a disco music setentista e o dance pop da década de 1980, mas sem mergulhar em um saudosismo gratuito ou exagerado. Na verdade, a inglesa, do alto dos seus 28 anos, mostra talento – e se cerca de nomes também talentosos – para atualizar suas inspirações, e o resultado é um trabalho contemporâneo e extremamente orgânico, característica essa cada vez mais rara no pop atual. Entre os nomes envolvidos está Andrew Wyatt, guitarrista e produtor que ficou conhecido no California Breed ao lado de Glenn Hughes e que produziu os últimos álbuns de Ozzy Osbourne e o novo disco do Pearl Jam.

O apelo pop marca presença em momentos deliciosos como a abertura com a elegante “End of an Era” (que possui um clima bem anos 1970), a grudenta “Houdini” e a solar “Training Season”. “Whatcha Doing” poderia estar em Future Nostalgia e é uma das melhores do álbum, enquanto “French Edit” soa como se a banda iniciasse uma jam no estúdio e o resultado se transformasse em uma irresistível gema pop. “Anything For Love” é um exemplo de groove contagiante, mas poderia ser mais longa, enquanto em “Maria” temos um violão conduzindo a faixa por sutis influências psicodélicas e hispânicas – aliás, essa canção em especial traz uma das melhores performances vocais de Dua Lipa no álbum, com seu timbre mais grave dando o tom de tudo.

Radical Optimism mostra a clara evolução de Dua Lipa, que nos quatro anos que separam Future Nostalgia e seu novo trabalho se transformou em um dos maiores e mais populares nomes da música pop. Sem apelar nem para soluções fáceis e tampouco para um “cabecismo” pretensioso, a inglesa entregou mais um belo trabalho de uma discografia que, até agora, não conhece pontos baixos.

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