Review: Damageplan – New Found Power (2004)


Um álbum pode ser marcante, celebrado e até mesmo clássico por diversos motivos. Os mais frequentes são sua relevância histórica, impacto cultural e longevidade artística, mas outros fatores podem entrar na jogada, e um deles está diretamente ligado ao único disco gravado pelo Damageplan. New Found Power, lançado em 10 de fevereiro de 2004, chegou às lojas dez meses antes da morte prematura de Dimebag Darrell, assassinado por um fã em pleno palco enquanto excursionava para promover o álbum, em 8 de dezembro de 2004.

Além de Dimebag, o Damageplan era formado por seu irmão Vinnie Paul na bateria, o vocalista Patrick Lachman (que gravou, como guitarrista, os dois primeiros discos solo de Rob Halford, os excelentes Resurrection de 2000 e Crucible de 2002) e o baixista Bob Zilla (que mais tarde integraria do Hellyeah). Produzido pelos irmãos Abbott com coprodução de Lachman e Sterling Winfield, que já havia trabalhado com o Pantera, o álbum apresenta quatorze canções e traz as participações de Corey Taylor em “Fuck You” e de Zakk Wylde em “Reborn” e “Soul Bleed”.

Dime e Vinnie afastam, de forma consciente, a sonoridade do Damageplan em relação ao Pantera, com as composições apresentando poucos elementos em comum com a banda que os transformou em lendas. Os famosos riffs sincopados de Dimebag e a bateria trigada de Vinnie, por exemplo, praticamente não são ouvidos no disco. Em seu lugar temos uma abordagem mais tradicional de Darrell, até onde isso era possível em se tratando de um guitarrista tão fora da curva quanto ele foi, e um trabalho de bateria com a competência habitual de Vinnie. Os vocais de Patrick Lachman são bastante agressivos, mas com variações que fazem com que algumas canções remetam a Layne Staley e ao Alice in Chains – ouça “Save Me” e perceba. Musicalmente, o que temos é um metal alinhado com o que se fazia no início da década de 2000, com elementos de nu metal e groove metal, além de passagens que se aproximam do thrash.

Entre as canções, destaques para a excelente música que intitula o disco, “Pride” (primeiro single, pesadíssima e atmosférica), “Fuck You”, a já citada “Save Me” (segundo e último single do trabalho), o peso monolítico de “Moment of Truth” (cujo andamento mais lento torna o amassamento promovido pela banda muito mais efetivo) e o fechamento com a contemplativa “Soul Bleed”, que de certa maneira se parece, ainda que de forma involuntária e um tanto profética, como uma espécie de despedida de Dimebag.

New Found Power soa como o início de algo que poderia ter sido muito maior e certamente seria desenvolvido com mais profundidade nos álbuns seguintes. Por tudo que aconteceu, as canções ganharam um ingrediente emotivo muito forte, mas falta homogeneidade ao disco e, comparado ao que Dime e Vinnie Paul fizeram antes, o resultado acabou sendo inferior ao que se esperava que fosse.

O álbum era inédito em qualquer formato no Brasil, e agora foi disponibilizado em uma linda edição em CD slipcase com acabamento semelhante à um box pela Wikimetal, Warner e Oporto da Música, trazendo encarte de oito páginas com todas as letras.

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