O Lugubra surpreende, e muito, com seu álbum de estreia. E essa surpresa vem pelo alto nível apresentado nas oito faixas, algo não muito comum de se ouvir no primeiro trabalho de uma banda. Traduzindo: os caras soam prontos e como se tivessem anos de estrada – o que não está muito longe da verdade. Apesar de ser uma banda estreante, os músicos que formam o Lugubra estão na luta há anos.
Muito bem produzido por Jera Cravo e pelo guitarrista Rafael Syade (completam o grupo o vocalista Leonardo Leão, o guitarrista Mateus Alves, o baixista Marcos Cazé e o baterista Ricardo Agatte), Flores e Pedras entrega um metal contemporâneo construído através de riffs pesados e muito groove, com um trabalho de baixo e bateria exemplar. Os vocais de Leão são potentes e fazem com que as letras, todas em português, soem ainda mais contundentes.
Aqui está um ponto interessante neste disco. Totalmente cantado em português, o que é cada vez mais raro na cena metal nacional, mostra a personalidade forte da banda e o desejo de alcançar o público de todo o país e não um objetivo utópico de conquistar ouvintes nos mais distantes pontos do planeta. Seja rei de seu próprio mundo antes de se aventurar fora dele, dirá um sábio, e o Lugubra vai por esse caminho.
As músicas são muito bem feitas e ficam ainda melhores com a exemplar produção. Minhas preferidas: a abertura com “Decolonial”, o peso avassalador de “Nau dos Insensatos”, as doses generosas de groove de “Amor e Fel”, “Redenção” e a contemplação da própria finitude proposta em “Em Frente ao Espelho”.
Flores e Pedras é um álbum muito bom e que mostra uma banda com grande talento e personalidade, pronta para conquistas fãs e adeptos de norte a sul do Brasil. O disco está disponível em CD com tiragem de 500 cópias, em uma bela edição com encarte de doze páginas trazendo todas as letras, além dos formatos digitais.
Não tem ninguém fazendo rock interessante no Brasil? Ouça o Lugubra e veja como essa opinião está muitíssimo errada!
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