O The Troops of Doom trouxe de volta à ativa Jairo Guedz, guitarrista original do Sepultura, e mostrou que o músico mineiro segue tendo muito o que mostrar. Com dois EPs - The Rise of Heresy (2020) e The Absence of Light (2021), reunidos em Prelude to Blasphemy (2023) - e um álbum - Antichrist Reborn (2022) -, a banda caiu imediatamente no gosto do público. O novo trabalho do quarteto, A Mass to the Grotesque, foi lançado em maio e prova que todos os elogios foram, são e continuam sendo merecidos.
Além de Jairo, o The Troops of Doom conta com Alex Kafer (vocal e baixo), Marcelo Vasco (guitarra) e Alexandre Oliveira (bateria). A proposta, desde a formação da banda, é reviver a sonoridade death/thrash do EP Bestial Devastation (1985) e do álbum Morbid Visions (1986), que Jairo gravou com o Sepultura antes de ser substituído por Andreas Kisser. O que ouvimos no The Troops of Doom é a extensão e a evolução da sonoridade desses títulos, muito mais trabalhada e madura devido à passagem do tempo, afinal eles foram concebidos quanto Jairo e os irmãos Cavalera ainda eram adolescentes. O resultado é um som sombrio, agressivo e pesado, que transita sem cerimônias pelo thrash e pelo death metal.
É muito fácil imaginar que estamos ouvindo um álbum do Sepultura ao ouvir o som do The Troops of Doom, e afirmo isso como um elogio. O timbre de Alex Kafer é semelhante ao de Max, a bateria de Alexandre Oliveira é uma avalanche percussiva e as guitarras de Jairo Guedz e Marcelo Vasco despejam riffs e bases matadoras. Porém, não há nada derivativo ou pouco inspirado aqui, muito pelo contrário. O Troops of Doom mostra personalidade e trilha um caminho próprio.
A Mass to the Grotesque traz onze faixas e soa ainda mais coeso que o disco de estreia. Ainda que trilhe predominantemente o death metal, o quarteto explora também aspectos de black metal em canções como “The Impostor King” e thrash em “The Grotesque”. A produção, assinada por André Moraes e pela própria banda, é ótima, tornando a paulada auditiva ainda mais eficiente.
Canções como “Dawn of Mephisto”, “Denied Divinity”, “The Impostor King”, “Faithless Requiem”, “The Grotesque” e, principalmente, “Psalm 7:8 – God of Bizarre”, um épico massacrante de mais de oito minutos, mostram porque a banda está sendo celebrada pelos fãs de metal extremo em todo o mundo.
A edição em CD lançada pela Voice Music vem com luva protetora em formato de box, inclui um pôster exclusivo e encarte de dezesseis páginas com todas as letras e conceito gráfico.
O The Troops of Doom mostra em A Mass to the Grotesque que possui vida própria e consegue se descolar do passado sem abrir mão da ideia original que levou à criação da banda. O resultado desse processo é um dos melhores álbuns de 2024.
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