Review: Evanescence – Fallen (2003)


Lançado em 4 de março de 2003, Fallen, álbum de estreia do Evanescence, apresentou a banda norte-americana para o público no melhor estilo possível. Foram mais de 10 milhões de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos e mais de 17 milhões em todo o mundo, números que transformaram o Evanescence em um dos maiores fenômenos do rock do início do século XXI.

Fallen ajudou a popularizar o rock gótico, tornando o gênero mais acessível e atraindo um público mais amplo. As melodias cativantes e as letras introspectivas conquistaram fãs de diferentes idades e origens. Amy Lee, com sua voz poderosa e presença marcante, tornou-se um ícone. Suas letras, que abordam temas como amor, perda e força interior, inspiraram muitas mulheres a encontrarem sua própria voz e a expressarem seus sentimentos.

Musicalmente, é inegável a influência de bandas como The Cranberries e de artistas como Tori Amos, que exploravam temas mais sombrios e melancólicos explorando melodias cativantes e vocais poderosos. O metal, especialmente o nu metal, também deixou sua marca em Fallen, com guitarras pesadas, ritmos intensos e uma atmosfera mais agressiva em algumas faixas. A formação erudita de Amy Lee, principalmente no piano, é evidente em muitas composições, que apresentam elementos orquestrais e harmonias complexas.

Entre as músicas, os maiores destaques são “Bring Me to Life”, em que Amy divide os vocais com Paul McCoy, da banda de hard rock 12 Stones, que nessa canção usa um tom gutural contrastando com a voz limpa da vocalista. A canção foi lançada como single e alcançou um sucesso enorme. Já a balada “My Immortal” ganhou status de hino para os fãs. A letra introspectiva e a melodia envolvente fazem desta música uma das mais populares de toda a carreira da banda e também o retrato de uma época. Fechando a tríade, “Going Under” tem uma sonoridade marcante e demonstra a capacidade do Evanescence de criar músicas que se conectam com o público em um nível emocional profundo. O grande destaque das onze canções é a voz de Amy Lee. Sua capacidade de transmitir emoções intensas e sua extensão vocal impressionante a transformaram em uma das grandes vozes do rock feminino.

O impacto do Evanescence foi além da música. O estilo dark  popularizado pela banda influenciou a moda da época, com roupas pretas, maquiagem escura e acessórios góticos se tornando tendência entre os jovens. Os vestidos longos e fluidos, muitas vezes com detalhes em renda ou transparência, tornaram-se uma tendência, com as fãs identificando umas às outras através deles. Esses vestidos proporcionavam um visual romântico e sombrio ao mesmo tempo. A maquiagem com olhos esfumaçados com tons de preto e roxo, batons escuros e pele pálida se popularizou. E nos acessórios, cruzes, correntes, anéis com pedras escuras e outros itens passaram a ser utilizados para complementar o visual e expressar a personalidade sombria.

Fallen continua sendo um álbum relevante e influente. E, ainda que o Evanescence nunca tenha sido uma banda do estilo, o sucesso do disco ajudou a popularizar o metal sinfônico. A voz poderosa de Amy Lee demonstrou que as mulheres podiam ser protagonistas no mundo do metal. Isso abriu espaço para que outras bandas com vocalistas femininas, como o Nightwish, ganhassem mais visibilidade. A banda de Tarja Turunen e Tuomas Holopainen viu sua popularidade aumentar consideravelmente após o lançamento de Fallen. Tanto Amy quanto Tarja tinham elementos em comum, como o visual marcante e o figurino cheio de estilo, além dos vocais poderosos. O lançamento de Once pelo Nightwish em 2004, um ano após a estreia do Evanescence, fez com que o álbum da banda finlandesa se beneficiasse diretamente do mega sucesso alcançado pelos norte-americanos, com o single “Nemo” tocando incessantemente nas rádios e na MTV.

O disco de estreia do Evanescence foi um divisor de águas, tanto musicalmente quanto culturalmente. Seu legado abrange a popularização da cultura gótica entre o grande público, a influência dessa estética na moda, o empoderamento feminino em uma banda cuja figura central é uma mulher com carisma quase hipnótico e a extensão de tudo isso para a riquíssima cena do metal sinfônico, que deu ao mundo bandas fantásticas como Nightwish, Epica e Within Temptation.

 


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