Imagine que David Coverdale fosse décadas mais novo e tivesse iniciando a sua carreira agora. Bem, é provável que o som que o icônico vocalista do Whitesnake fizesse nesse multiverso musical seria bem próximo do que ouvimos em Follow the Blind Man, álbum do cantor croata Dino Jelusick. Não por acaso, Dino faz parte da formação atual do Whitesnake como tecladista e vocalista de apoio, dando suporte a um Coverdale que já não possui a potência do passado.
O álbum é uma verdadeira montanha-russa de riffs pesados, melodias cativantes e a voz marcante de Dino, com uma sonoridade que é uma mistura de hard rock clássico com influências modernas, resultando em um som fresco e energético. Além de Dino, a banda que o acompanha é composta por músicos talentosos e conta com o próprio Jelusick no vocal, teclado e guitarra, Ivan Keller na guitarra, Luka Broderick no baixo e Mario Lepoglavec na bateria. A produção, atual e com timbres cheios, foi assinada pelo vocalista.
Segundo Jelusick, o disco é uma fusão das influências que o acompanham desde a juventude. Há evidentes inspirações em Whitesnake e Deep Purple, mas a abordagem mais moderna e pesada, ainda que não faça o álbum ser considerado um trabalho de metal, certamente justifica uma definição como hard rock com muito peso para o disco. Os riffs possuem uma pegada mais sincopada, o que, em conjunto com baixo e bateria exemplares, faz surgir não apenas grooves bastante fortes mas também um som que infere uma personalidade bastante própria.
"Reign of Vultures" abre o álbum com uma sonoridade mais pesada e direta, com riffs que remetem ao hard rock clássico. “Animal Inside” tem cara de single pronto pra tocar sem parar em rádios rock. "Acid Rain" é mais experimental, com elementos do metal moderno e do rock progressivo, com direito até a uma passagem com vocais guturais e performance sensacional de toda a banda. "Fly High Again" mistura elementos do hard rock com o grunge, resultando em uma canção com um refrão pegajoso e um groove irresistível. “The Great Divide” é uma balada emocionante com uma letra que fala sobre a busca por identidade. “What I Want” é uma das mais pesadas e grudentas, com uma parte central absolutamente cativante.
Como não poderia deixar de ser, a voz de Dino Jelusick é o grande destaque de Follow the Blind Man. Ele não apenas possui um timbre agradável e poderoso, como sabe transmitir emoções sem soar piegas, mesmo quando se aventura pelas baladas. Inclusive, essas canções mais contemplativas não apenas dão um respiro agradável para o disco no meio da pancadaria das outras composições, como apresentam soluções criativas e que as fazem soar igualmente interessantes.
Follow the Blind Man é um álbum muito bom, um trabalho sólido que serve, de certa maneira, como portfolio vocal e composicional de Dino Jelusick, uma das grandes revelações dos últimos anos. Suas canções são agradáveis e entregam um nível de performance impecável, tanto na parte instrumental quanto nos vocais, que são excelentes e mostram toda a amplitude e alcance de Dino.
Gostei bastante e recomendo, e tenho certeza que David Coverdale ficou orgulhoso de seu pupilo.
Edição nacional em slipcase lançada pela Hellion Records, com encarte de doze páginas trazendo todas as letras.
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