Review: Mastodon – Crack the Skye: 15th Anniversary Deluxe Edition (2024)


Crack the Skye, lançado em 2009, é considerado por muitos fãs e críticos como o ápice da criatividade e ambição do Mastodon. O álbum é conceitual e narra a história de um paraplégico que embarca em viagens astrais e se vê imerso em realidades alternativas. O disco é um divisor de águas na carreira da banda norte-americana, pois combina elementos de metal progressivo com influências do rock psicodélico e do jazz.

O Mastodon demonstra uma versatilidade impressionante em Crack the Skye, alternando entre passagens pesadas e agressivas, momentos de delicadeza e introspecção, e experimentações sonoras que desafiam as convenções habituais do metal. Há uma ampla gama de influências no disco, indo desde o rock progressivo dos anos 1970 até a exuberância do jazz fusion. Essa diversidade sonora confere ao álbum uma identidade única e memorável.

Os destaques são muitos. “Oblivion”, a faixa de abertura, é uma introdução perfeita ao universo único do trabalho, com uma construção gradual e um solo de guitarra memorável. Uma das músicas mais pesadas e enérgicas, “Divinations” traz riffs poderosos e uma bateria frenética. Já “Ghost of Karelia” entrega camadas instrumentais sobrepostas e uma enorme performance vocal de Sanders e Hinds. Na faixa-título temos uma verdadeira jornada musical, com mudanças de tempo e de atmosfera constantes. O encerramento épico com os mais de 13 minutos de “The Last Baron” reafirma a complexidade da ambição do Mastodon. A alternância de vocais, com o guitarrista Brent Hinds, o baixista Troy Sanders e o baterista Brann Dailor revezando-se nas faixas ou intercalando suas vozes em uma mesma canção, é outro ponto alto do disco.

A edição de 15 anos vem com dois grandes benefícios. A remasterização garante um som mais limpo e definido, mesmo com a produção original já sendo excelente. Os ouvidos mais atentos podem descobrir detalhes que talvez tenham passado despercebidos antes. O outro ponto é que esta edição traz um CD extra com as faixas instrumentais, o que se revela uma adição valiosa para um álbum que traz uma proposta tão complexa como Crack the Skye. As versões instrumentais revelam, em sua plenitude, toda a riqueza musical das composições, que, despidas dos vocais, emergem movidas pelo intenso entrosamento entre os integrantes, todos eles músicos não apenas acima da média, mas sobretudo artistas com o desejo de fazer algo diferente do que foi feito antes.


Outro ponto que merece destaque é a arte da capa, que na nova edição sofreu ajustes. A capa original, com suas cores escuras e linhas sinuosas, evocava uma sensação de mistério e melancolia, elementos centrais da narrativa do álbum. A nova versão mantém a essência da original, mas apresenta elementos visuais mais coloridos e que parecem celebrar o impacto e a influência duradouros do disco. É como se a passagem do tempo permitisse uma nova perspectiva sobre a obra, refletindo uma compreensão mais profunda da história e da mensagem de Crack the Skye.

Como curiosidade, vale mencionar que o álbum foi dedicado à irmã do baterista Bran Dailor, Skye, que cometeu suicídio aos 14 anos.

O disco estava fora de catálogo no Brasil há quase dez anos, e a nova versão, lançada pela Wikimetal, vem em um CD duplo com embalagem digifile de três faces e traz um encarte muito maior e mais completo, com doze páginas e todas as letras.

Crack the Skye consolidou o Mastodon como uma das bandas mais inovadoras e influentes do metal contemporâneo, expandindo os horizontes do gênero e demonstrando que o metal pode ser sofisticado e intelectualmente estimulante. É um marco na discografia da banda, além de ser considerado um dos melhores álbuns de metal progressivo de todos os tempos. Uma obra que transcende gêneros e gerações, e que certamente continuará a ser celebrada por muitos anos.


Comentários

  1. vc tem que fazer resenha sobre o novo do Linkin Park com nova vocalista. E tb vale vc ouvir a banda dela: Dead Sara, que chamou atenção do Mike Shinoda.
    Tb vale pro Marilyn Manson em disco novo voltando de crise.

    Tem esses de Blues tb:

    Gary Clark Jr - JPEG RAW (2024)
    Fantastic Negrito - Son of a Broken Man (2024)
    Brittany Howard - What Now

    E o novo do vox do Alice in Chains?

    Linkin Park - From Zero (2024)
    Jerry Cantrell - I Want Blood (2024)
    Lenny Kravitz - Blue Electric Light (2024)
    Marilyn Manson - One Assassination Under God Chapter 1 (2024)
    Pearl Jam - Dark Matter (2024)
    The Cure - Songs of a Lost World (Deluxe Edition) (2024)
    The Smashing Pumpkins - Aghori Mhori Mei (2024)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Acho que o Ricardo mudou a estratégia. Ele só anda fazendo review de mídia física. Como os lançamentos nesse formato sao parcos por aqui e difíceis de adquirir, os reviews de álbuns diminuíram bastante.

      Excluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.