Crusader marcou uma mudança na sonoridade do Saxon. Lançado em 30 de janeiro de 1984 e produzido por Kevin Beamish, o disco traz a banda se afastando da sonoridade clássica do metal britânico e levando sua música para um caminho mais acessível. A inclusão de influências de hard rock, que decolava para dominar as paradas norte-americanas na época, foi um movimento pensado para tornar a banda mais conhecida e forte nos Estados Unidos, porém esse ajuste não foi bem aceito por uma parcela dos fãs.
Com dez faixas, incluindo entre elas uma versão para “Set Me Free”, do Sweet, Crusader contrasta bastante com clássicos como Wheels of Steel (1980) e Denim and Leather (1981), ainda que funcione como uma sequência lógica de Power & The Glory (1983), seu antecessor. A produção de Beamish deixou a banda com um som muito limpo e refletiu também na percepção de falta de peso que o álbum transmite. De modo geral, dá pra classificar Crusader como um trabalho de hard rock, ainda que tenha gerado hinos do heavy metal típico do Saxon como a música título.
Entre os destaques, além da já citada canção que o batiza, estão “Just Let Me Rock”, a balada épica “Do It All For You”, a cativante “Rock City” (que poderia estar em um disco do Quiet Riot) e a estradeira “Run For Your Lives”, que encerra o disco com um convite para pegar a estrada sem rumo.
A capa é uma das mais belas da carreira do Saxon, com uma cena de batalha pintada pelo artista inglês Paul R. Gregory, que fez capas para outros artistas como Dio, Blind Guardian, Uriah Heep e Molly Hatchet. De certa maneira, a capa de Gregory funciona como uma espécie de evolução da ilustração presente no disco de estreia da banda, como se o soldado que estampa o debut tivesse evoluído e se transformado em um renomado cavaleiro de batalha, expandindo suas conquistas. Uma das mais belas capas do rock, é realmente um trabalho excelente e atemporal de Gregory, que contribuiu para a própria imagem da banda junto aos fãs.
Crusader nunca havia saído em CD no Brasil, fato corrigido este ano pela Wikimetal em uma bonita edição digipack com encarte de 24 páginas com as letras e a história do álbum. O som foi remasterizado e o tracklist traz nada menos do que dez músicas extras, incluindo canções que não entraram no álbum como “Borderline”, “Helter Skelter” (que apesar do título homônimo, não é a canção dos Beatles) e “Living for the Weekend”.
Ainda que não esteja no mesmo nível dos primeiros discos e tampouco dos álbuns que a banda gravaria nos anos seguintes, Crusader funciona como o retrato de uma época em que não só o Saxon, mas inúmeras outras bandas de metal, domesticaram o seu som para surfar na gigantesca popularidade que o hard rock vivia nos EUA. Esta edição em CD remasterizado é primorosa, muito bonita mesmo, e altamente recomendada.
Esse é um daqueles casos em que a faixa título é sensacional, mas o restante do disco não acompanha a pegada. Na minha visão a trilogia Wheels of Steel, Strong Arm of The Law (melhor do Saxon na minha opinião) e Denim and Leather são o que de melhor a banda já produziu, e o Innocence Is No Excuse é bem subestimado.
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