The Astonishing (2016): a ambiciosa ópera rock do Dream Theater


Lançado em 29 de janeiro de 2016, The Astonishing é o décimo terceiro álbum do Dream Theater e um dos projetos mais ambiciosos da banda. Trata-se de uma ópera rock conceitual com uma narrativa densa e um escopo grandioso, que divide opiniões entre fãs e críticos.

A banda, liderada pelo guitarrista John Petrucci e o tecladista Jordan Rudess, concebeu The Astonishing como uma verdadeira epopeia musical. A história, criada por Petrucci, se passa em um futuro distópico onde a música humana foi substituída por máquinas sonoras chamadas NOMACS. A trama segue a jornada de Gabriel, um jovem com o dom de criar música de forma natural, que se torna a esperança de um povo oprimido contra um império autoritário. A estrutura do álbum é dividida em dois atos e conta com 34 faixas, o que reforça sua natureza operística. A influência de trilhas sonoras de filmes e musicais da Broadway é evidente, tornando-o um álbum diferente de tudo que a banda já havia produzido.


Musicalmente, The Astonishing aposta menos na tradicional complexidade instrumental do Dream Theater e mais em melodias acessíveis, arranjos sinfônicos e nuances emocionais. Jordan Rudess desempenha um papel central na construção das atmosferas do álbum, com pianos delicados e orquestrações cinematográficas. Embora ainda haja momentos de virtuosismo – com solos característicos de Petrucci e passagens intrincadas de bateria de Mike Mangini –, o álbum prioriza a narrativa e a emoção. Isso se reflete em um maior uso de baladas e melodias vocais mais marcantes, algo que pode surpreender (ou frustrar) os fãs mais ligados à vertente progressiva mais pesada da banda. James LaBrie assume a responsabilidade de interpretar diferentes personagens, utilizando variações de tom e inflexão para diferenciar cada um. Apesar das críticas costumeiras ao seu desempenho vocal, ele entrega uma performance expressiva e envolvente, capturando a essência da história.

A recepção a The Astonishing foi polarizada. Enquanto alguns elogiaram a ousadia do projeto e sua profundidade emocional, outros consideraram o álbum excessivamente longo, repetitivo e distante do som tradicional do Dream Theater. Críticas comuns incluem a falta de riffs marcantes, a ausência de composições mais pesadas e o excesso de interlúdios orquestrais. No entanto, há quem veja o álbum como uma experiência única, que exige imersão total para ser apreciada. Sua grandiosidade e o esforço narrativo são inegáveis, e é difícil não reconhecer a ambição artística da banda ao apostar em algo tão elaborado.

The Astonishing é um álbum que desafia expectativas e se distancia da fórmula tradicional do Dream Theater. Embora não seja para todos, sua abordagem cinematográfica, sua narrativa envolvente e a riqueza de seus arranjos demonstram a versatilidade da banda. Se encarado como uma ópera rock e não como um álbum convencional de metal progressivo, ele pode ser uma experiência gratificante para aqueles dispostos a embarcar em sua jornada épica.


Comentários

  1. Esta resenha chegou como um convite para ouvir de novo e dar mais uma chance ao álbum.
    Obrigado, Ricardo!

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