O álbum Purpendicular, lançado em 1996, marca uma nova fase na trajetória do Deep Purple, sendo o primeiro trabalho com o guitarrista Steve Morse, que substituiu Ritchie Blackmore, um dos membros fundadores e figura central no som da banda. Com essa mudança, o Deep Purple revitalizou sua sonoridade, explorando novas texturas e expandindo suas possibilidades musicais, sem perder a essência do hard rock que os consagrou.
A entrada de Steve Morse trouxe uma abordagem mais versátil e técnica à guitarra, diferenciando-se do estilo neoclássico de Blackmore. Morse incorpora elementos de rock progressivo e fusion, o que se reflete na variedade de riffs e solos inovadores presentes no álbum. Sua técnica limpa e criativa adicionou frescor ao som da banda, permitindo que o Deep Purple se reinventasse sem perder sua identidade.
Além disso, os outros membros mantiveram sua excelência. Ian Gillan entrega uma performance cheia de energia e maturidade, equilibrando agressividade e melodia. Jon Lord continua a ser um pilar fundamental do som do Purple, com sua marca registrada de Hammond distorcido, mas explorando novas nuances. Roger Glover e Ian Paice sustentam a coesão rítmica com groove e precisão, mantendo o peso característico do grupo. O resultado é um álbum dinâmico, cheio de experimentações, mas sem perder a pegada do hard rock.
A faixa de abertura, "Vavoom: Ted the Mechanic", já mostra a nova cara do Deep Purple. Com um riff peculiar e um groove envolvente, a música tem um ar moderno e uma letra intrigante, baseada em uma história contada a Gillan por um estranho em um bar. "Loosen My Strings", uma das mais melódicas e emocionantes do álbum, tem um trabalho instrumental sofisticado e um refrão cativante. "Sometimes I Feel Like Screaming", um dos maiores destaques do disco, tem uma introdução delicada que cresce para um clímax épico. O solo de Steve Morse é um dos mais belos e emotivos da discografia da banda. "Cascades: I'm Not Your Lover" é um exemplo da energia da nova formação, com um riff vibrante e uma performance intensa de Gillan. Já "The Aviator" é ma das músicas mais inesperadas do álbum, com uma pegada folk e elementos acústicos, mostrando a diversidade da banda nesse novo momento.
Bem recebido pela crítica e pelos fãs, Purpendicular foi considerado um renascimento para o Deep Purple. Após anos de conflitos internos com Ritchie Blackmore, a banda parecia revitalizada, com mais liberdade criativa e um novo entusiasmo. Steve Morse não apenas preencheu o vazio deixado por Blackmore, mas trouxe uma abordagem que ajudou a banda a se manter relevante nos anos 1990 e além. Embora não tenha sido um sucesso comercial estrondoso como os clássicos dos anos 1970, Purpendicular é amplamente reconhecido como um dos melhores álbuns do Deep Purple na era pós-Blackmore, conquistando status cult entre os fãs.
Purpendicular é um álbum essencial para entender a evolução do Deep Purple. Ele mostra uma banda que, mesmo após décadas de estrada e mudanças na formação, ainda era capaz de inovar e entregar músicas marcantes. O disco equilibra a tradição do hard rock com novas influências, consolidando Steve Morse como uma peça fundamental na nova fase do grupo.
Para quem busca um Deep Purple com frescor, técnica e
emoção, Purpendicular é um excelente
ponto de partida.
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