Quadrinhos: Pinguim, de Tom King e Rafael DeLatorre (2024-2025, Panini)


Tom King entrega em Pinguim uma história digna dos grandes épicos da máfia que marcaram a cultura pop. Dividida em doze edições e ilustrada pelo brasileiro Rafael DeLatorre, a HQ narra o ressurgimento de Oswald Cobblepot, o Pinguim, após perder seu império do crime em Gotham City. Exilado na vizinha Metropolis, ele reconstrói seu reinado edição após edição, sempre com o toque único da narrativa de King.

O roteirista constrói a trama com diálogos afiados, experimenta uma estrutura não linear e, como de costume, resgata personagens obscuros do universo da DC Comics para compor o elenco de coadjuvantes. O Pinguim é retratado como um estrategista brilhante e implacável, um psicopata frio que não hesita em passar por cima de tudo e todos — inclusive de sua própria família — para retomar seu lugar no submundo de Gotham.

Com um tom cinematográfico, a HQ parece dialogar com a atual fase do Batman e seu universo nas telas, incluindo o próprio Pinguim. Confesso que estou um pouco desconectado do universo dos super-heróis desde Vingadores: Ultimato (2019), então não posso afirmar com certeza se a série se alinha ao personagem interpretado por Colin Farrell na série produzida pelo Max, mas a conexão parece bastante provável.


A arte de DeLatorre é excelente, equilibrando uma estética noir com um traço estilizado que funciona perfeitamente para a atmosfera da história. A colorização, assinada pelo também brasileiro Marcelo Maiolo, dá um apelo visual ainda mais marcante. E, como é tradição nas obras de Tom King, o uso das páginas com nove quadros realça a dramaticidade dos diálogos em momentos-chave.

O resultado é uma HQ excepcional, um dos melhores trabalhos de King, que, mesmo afastado da revista mensal do Batman há alguns anos, continua expandindo sua visão sobre Gotham e seus personagens icônicos. Pinguim é mais um capítulo brilhante desse universo que ele vem construindo com enorme talento.

A série foi publicada no Brasil em dois encadernados de capa cartão pela Panini: o primeiro reúne as cinco primeiras edições e tem 128 páginas, enquanto o segundo traz as sete últimas edições e conta com 172 páginas.

 


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