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A Torre do Elefante: Conan pelas lentes sul-americanas (Claudio Álvarez e Enrique Alcatena, 2025, Pipoca & Nanquim)
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Publicado no Brasil pela Pipoca & Nanquim, A Torre do Elefante é uma adaptação impactante e respeitosa de um dos contos mais celebrados de Robert E. Howard, criador de Conan, o Bárbaro. Escrita pelo chileno Claudio Álvarez e ilustrada pelo argentino Enrique Alcatena, esta versão sul-americana do clássico mergulha o leitor numa experiência estética e narrativa singular, sem abrir mão da fidelidade ao material original.
O conto original, publicado em 1933, é uma história curta, mas cheia de atmosferas densas, violência crua e elementos místicos e — tudo aquilo que define o melhor do universo de Conan -, além de inesperados elementos que remetem ao estilo de H.P. Lovecraft. Claudio Álvarez entende isso e constrói um roteiro enxuto, direto, que respeita os diálogos e as motivações do personagem de Howard, sem diluir sua brutalidade nem sua honra selvagem.
Ao mesmo tempo, a HQ não se limita a copiar: ela apresenta uma cadência própria. A narrativa flui com ritmo quase cinematográfico, dos becos escuros de Zamora até o clímax místico no topo da torre, onde Conan encontra Yag-Kosha — o alienígena preso por um feiticeiro cruel. Há aqui uma empatia inesperada, um toque de tragédia, que ganha ainda mais força com o traço detalhista de Alcatena.
A edição da Pipoca & Nanquim é caprichada, como de costume, e vem em capa dura no formato 20,5 x 27,2 cm e 84 páginas impressas em papel pólen bold. Com acabamento de alto nível, a publicação valoriza o trabalho artístico e preserva a intenção original da dupla criativa sul-americana. A editora ainda insere contextualizações e materiais extras que enriquecem a leitura, com destaque para o texto final assinado por Alexandre Callari, que situa o leitor na origem e no impacto dessa adaptação.
A Torre do Elefante é, sem dúvida, uma das adaptações mais autênticas do universo de Conan publicadas nos últimos anos. O olhar latino de Álvarez e Alcatena acrescenta nuances e uma camada simbólica que dialoga com as raízes míticas da América do Sul, sem descaracterizar o bárbaro cimério.
Uma obra recomendada tanto para fãs antigos quanto para novos leitores que desejam descobrir o fascínio sombrio do mundo de Robert E. Howard.
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