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Dr. Feelgood (1989), o auge do Mötley Crüe


Lançado em 1º de setembro de 1989, Dr. Feelgood é o quinto álbum do Mötley Crüe e marca um ponto de virada na trajetória da banda. Após anos de excessos que quase destruíram seus integrantes, o grupo finalmente buscou sobriedade — ao menos temporária — e focou em entregar o disco mais profissional de sua carreira. O resultado? Um sucesso comercial estrondoso e um dos registros mais emblemáticos do hard rock oitentista.

Produzido por Bob Rock, que mais tarde trabalharia com nomes como Metallica e The Cult, Dr. Feelgood é um salto de qualidade em relação aos discos anteriores do Crüe. Bob impôs disciplina em estúdio, chegou a gravar os músicos separadamente para evitar conflitos e extrair o melhor de cada um. O som é denso, coeso e limpo, sem perder o peso e a energia característica do grupo.

O álbum soa grande, com guitarras poderosas, vocais em camadas e uma bateria que pulsa com precisão. Mick Mars entrega alguns de seus melhores riffs, enquanto Tommy Lee mostra um domínio total de sua bateria, com grooves marcantes e timbres encorpados. Nikki Sixx, principal compositor, equilibra letras provocativas e confessionais, refletindo sua recente reabilitação e a tentativa da banda de deixar o caos para trás.


O disco abre com “T.n.T. (Terror 'n Tinseltown)”, uma vinheta que logo dá lugar à faixa-título “Dr. Feelgood”, o maior hit da carreira da banda. Com um riff cortante e refrão explosivo, a música fala sobre um traficante de drogas e virou sinônimo da era glam metal. A faixa alcançou o segundo lugar na Billboard Hot 100, consolidando o Mötley Crüe como um dos gigantes da cena. “Kickstart My Heart” foi inspirada na experiência de Nikki Sixx após ser reanimado com injeções de adrenalina depois de uma overdose. Um verdadeiro hino movido a velocidade, adrenalina e riffs galopantes. “Without You”, a power ballad do álbum, é cheia de climas e melodias emotivas, e também chegou ao top 10 das paradas. “Same Ol’ Situation (S.O.S.)” e “Don’t Go Away Mad (Just Go Away)”, ambas com forte apelo radiofônico, trazem refrões cativantes e mostram a banda mais acessível do que nunca, sem perder o punch.

Dr. Feelgood vendeu mais de 6 milhões de cópias apenas nos EUA e levou o Mötley Crüe ao topo das paradas pela primeira e única vez. É também o último disco da formação clássica antes da primeira grande ruptura — Vince Neil deixaria a banda em 1992. Mais do que um sucesso comercial, o álbum representou a transição do hard rock oitentista para um som mais maduro, técnico e ambicioso. Ainda que muitos vejam o Mötley Crüe como símbolo dos excessos do hair metal, Dr. Feelgood é a prova de que a banda foi capaz de produzir um clássico sólido, tanto artística quanto comercialmente.

Sem dúvidas o auge artístico e comercial do Mötley Crüe, Dr. Feelgood é um disco icônico, com produção exemplar, canções memoráveis e importância histórica para o hard rock. Para quem quer entender o espírito do final dos anos 1980 — entre guitarras afiadas, festas intermináveis e o início da autoconsciência — este álbum é essencial.

O álbum acabou de ser relançado no Brasil em CD digipack na sua edição de 35 anos, com som totalmente remasterizada e a inclusão de seis faixas bônus


Comentários

  1. ótima resenha de um grande album, provavelmente, realmente, o trabalho mais técnico e rico musicalmente da banda, até então, um disco que marcou as adolescencias de muitos de nós, que bom ele estar sendo constantemente relançado em mídia física no brasil

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