Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de junho, 2025

A Kind of Magic (1986): o Queen em um álbum que uniu rock, cinema e emoção

Em 1986, o Queen era uma banda consagrada, mas que vivia momentos contraditórios. Após o sucesso arrebatador do Live Aid (1985), onde roubaram a cena com uma performance histórica, o grupo se viu revigorado. A crítica, que por vezes os via como exagerados e excessivos, passou a enxergá-los com mais respeito. A banda vinha de álbuns mais experimentais e irregulares ( Hot Space , de 1982, e The Works , de 1984), tentando se equilibrar entre a grandiosidade do rock de estádio e a busca por sons mais modernos. Além disso, Freddie Mercury já havia iniciado sua carreira solo com Mr. Bad Guy (1985), e havia boatos sobre a possível separação do grupo. É nesse contexto que nasce A Kind of Magic , muito influenciado pelo filme Highlander: O Guerreiro Imortal , de Russell Mulcahy. O álbum não é oficialmente uma trilha sonora, mas boa parte das faixas foi composta para o longa. O disco combina canções feitas para funcionar como uma trilha épica com baladas, momentos pop e experimentações elet...

Live and Dangerous (1978): a imortalidade do Thin Lizzy capturada em alto volume

Poucos álbuns ao vivo capturam tão bem a essência de uma banda quanto Live and Dangerous , lançado pelo Thin Lizzy em junho de 1978. O disco é, ao mesmo tempo, uma celebração da energia crua do grupo no palco e um retrato meticulosamente produzido da força criativa de Phil Lynott e companhia. Combinando peso, melodia e carisma, o álbum consolidou de vez o status da banda irlandesa como uma das grandes do hard rock dos anos 1970, mesmo cercado por uma polêmica que nunca deixou de acompanhá-lo: afinal, Live and Dangerous é realmente um disco ao vivo? Gravado majoritariamente durante a turnê de 1976-1977, com registros de shows em Londres, Toronto e Filadélfia, o álbum foi posteriormente retrabalhado em estúdio sob a supervisão do produtor Tony Visconti. A versão oficial sempre foi de que os vocais de Phil Lynott e os solos de guitarra de Scott Gorham e Brian Robertson permaneceram fiéis às apresentações originais, mas Visconti declarou, em diversas entrevistas, que cerca de "75% ...

De tiragens mínimas a valores altos: a nova realidade do CD no Brasil

O mercado fonográfico mudou — e mudou muito. Se nos anos 1990 e 2000 o CD reinava absoluto, hoje ele é uma mídia de nicho, sustentada quase exclusivamente por colecionadores. Com o streaming dominando a forma como a maior parte da população ouve música, o consumo físico tornou-se residual. No Brasil, plataformas como Spotify, Deezer, YouTube Music e Apple Music concentram mais de 90% do acesso musical diário , o que mudou drasticamente as bases econômicas da indústria. Nesse novo cenário, os CDs de rock e metal — gêneros tradicionalmente ligados ao colecionismo — sobreviveram com ajuda de um público fiel, mas pequeno. O termo "público de nicho" talvez nem seja mais suficiente: trata-se de um público ainda mais restrito que continua comprando, apoiando gravadoras (sejam independentes ou grandes selos) e buscando a experiência tátil e ritualística do disco físico. Esse encolhimento do mercado impacta diretamente as tiragens dos lançamentos. Atualmente, a média de prensagem...

Superman - Entre a Foice o Martelo: a edição DC de Bolso de um clássico dos quadrinhos políticos (Mark Millar, 2025, Panini)

Superman: Red Son (título original) ou Superman: Entre a Foice e o Martelo , é uma graphic novel escrita por Mark Millar e lançada pela DC Comics em 2003. A obra faz parte do selo Elseworlds, conhecido por apresentar versões alternativas de personagens clássicos da editora. Com arte de Dave Johnson e Kilian Plunkett, a HQ é considerada uma das mais provocativas e criativas reinterpretações do Superman. A premissa é simples: e se a nave que trouxe o bebê Kal-El à Terra não tivesse aterrissado no Kansas, mas sim em uma fazenda coletiva na Ucrânia soviética? Criado sob os ideais comunistas e formado pelo pensamento coletivista, o Superman torna-se o símbolo máximo da União Soviética e um instrumento poderoso do regime para consolidar sua influência no mundo. Millar utiliza esse cenário para subverter a clássica narrativa americana do herói salvador, inserindo o Homem de Aço em um jogo de poder, controle e propaganda. Ao longo da HQ, vemos o Superman soviético construindo uma utopia à...