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Black Sabbath, Master of Reality (1971) e o álbum mais importante da história do metal


Master of Reality
é o álbum mais importante da história do heavy metal? A pergunta pode parecer exagerada, mas basta uma audição atenta —ou uma olhada no impacto cultural gerado por Master of Reality desde seu lançamento em julho de 1971 — para perceber que não se trata de mera provocação. Terceiro disco do Black Sabbath, a obra não apenas consolida o som pesado que a banda vinha moldando desde seu debut, como amplia de forma surpreendente os caminhos possíveis para o metal. É, muito provavelmente, o álbum mais diverso e influente da discografia do grupo.

Gravado em apenas 30 dias no estúdio Island, em Londres, Master of Reality é o primeiro disco em que Tony Iommi passou a afinar sua guitarra um tom e meio abaixo, para aliviar a dor nos dedos — consequência de um acidente sofrido ainda na adolescência. Essa decisão técnica teve consequências estéticas profundas: o som do Sabbath se tornou ainda mais denso, grave e ameaçador. E dessa afinação nascem as sementes de gêneros como doom, sludge, stoner e até o grunge, todos em dívida direta com esse álbum.

A diversidade sonora de Master of Reality impressiona. O disco abre com “Sweet Leaf”, ode à maconha e um dos primeiros hinos do stoner. Em seguida, “After Forever” mistura peso e melodia com uma letra provocadora que aborda fé e moralidade. “Children of the Grave”, com sua batida hipnótica e letra apocalíptica, é um marco absoluto do proto-thrash e uma das músicas mais regravadas da banda. Já “Lord of This World” e “Into the Void” mergulham no riff eterno, arrastado e sombrio, antecipando o doom metal que bandas como Candlemass e Saint Vitus desenvolveriam nos anos 1980.


Mas nem só de peso vive o disco. Faixas como “Solitude” revelam uma faceta mais atmosférica e melancólica do Sabbath, com Ozzy Osbourne entregando uma performance vocal surpreendentemente suave e introspectiva, embalada por flautas e guitarras limpas. As vinhetas instrumentais “Embryo” e “Orchid” adicionam ainda mais nuances à jornada, funcionando como respiros entre os colossos metálicos.

O legado de Master of Reality é imenso. Foi o primeiro álbum do Sabbath a entrar no Top 10 dos EUA e é frequentemente citado por artistas tão diversos quanto Soundgarden, Nirvana, Kyuss, Metallica e Cathedral como influência direta. A revista Kerrang! o colocou no topo da lista dos álbuns mais influentes de todos os tempos, e o crítico canadense Martin Popoff o classificou como “a gênese do metal como o conhecemos”.

Mais de cinco décadas após sua estreia, Master of Reality segue soando fresco, perigoso e cheio de possibilidades. É o álbum que não apenas define o Black Sabbath em sua essência, mas também abre um leque criativo que o metal mundial ainda está explorando. Se não for o disco mais importante da história do heavy metal, é difícil imaginar qual outro ocuparia esse lugar.


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