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Music Bank – The Videos (2001): os vídeos que traduziram a estética sombria do Alice in Chains


O Alice in Chains foi a banda mais sombria e cinematográfica do grunge? Basta assistir a Music Bank – The Videos para entender por que essa afirmação faz tanto sentido. Lançado originalmente em 1999 em VHS e depois relançado em DVD em 2001, esse compilado de videoclipes revela como o Alice in Chains traduziu visualmente toda a angústia, densidade e inquietação que moldaram sua sonoridade.

Com 16 vídeos que cobrem todo o período com o vocalista Layne Staley, falecido em 2002, Music Bank é um mergulho intenso na estética visual do grupo. Aqui, não se trata apenas de performance musical, mas de narrativas visuais carregadas de simbolismo, decadência e poesia sombria. Cada clipe é um retrato fiel da alma torturada de uma das bandas mais marcantes dos anos 1990.

Entre os destaques, o vídeo de “Man in the Box”, dirigido por Paul Rachman, foi o cartão de visitas que projetou o Alice in Chains ao mainstream. Com imagens cruas, religiosas e perturbadoras, o clipe capturou perfeitamente a claustrofobia e revolta da música. Já em “Rooster”, dirigido por Mark Pellington, o lirismo encontra a brutalidade da guerra do Vietnã — um épico visual que expande o significado da canção e emociona mesmo décadas depois.

“Would?”, trilha sonora de Singles (1992) e também presente no DVD, é outro ponto alto, com sua edição ágil e atmosfera suja que se alinha à alma inquieta da banda. E não dá pra esquecer de “I Stay Away”, com sua animação em stop-motion repleta de imagens bizarras e surreais, como um pesadelo em forma de videoclipe — uma ousadia estética rara para a época.


O DVD também inclui bastidores, vídeos alternativos e performances acústicas e mais contemplaticas, como “No Excuses”, “Heaven Beside You” e “Over Now”, essa última vida diretamente do excelente MTV Unplugged gravado pela banda em 1996, que revelam o lado mais introspectivo do grupo, reforçando sua versatilidade e profundidade artística. Mesmo quando desaceleram, o Alice in Chains nunca deixa de soar autêntico — e sombrio.

A importância dos videoclipes na trajetória do Alice in Chains é inegável. Em um momento em que a MTV ainda ditava as regras do jogo, a banda soube explorar como poucas a linguagem audiovisual para amplificar sua mensagem e criar uma identidade visual coesa e marcante. Music Bank – The Videos vai além de uma compilação de clipes e revela-se um documento essencial para entender como o grunge, quando conduzido com arte e intensidade, podia ser tão poderoso no vídeo quanto no som.

Assistir a esse DVD hoje é reencontrar uma banda que nunca teve medo de encarar a escuridão e transformá-la em arte.

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