Depois de mais de uma década sem um novo álbum de inéditas, o Tierramystica reaparece com Trinity e prova que ainda tem muito a dizer. O disco marca não apenas o retorno de uma das bandas mais singulares do metal brasileiro, mas também a consolidação de uma identidade que sempre os diferenciou: a fusão entre heavy/power metal e elementos folclóricos latino-americanos, trabalhada aqui com mais maturidade e foco do que nunca.
A abertura com “Awakening” funciona quase como um manifesto. É curta, atmosférica, e dá o tom espiritual e épico que permeia todo o álbum. Na sequência, “Chaski Way” mostra a banda em plena forma: riffs diretos, melodias marcantes e a presença sempre bem-vinda de instrumentos tradicionais, como flautas andinas, que reforçam a personalidade sonora do grupo. A produção é clara, viva e mais bem resolvida do que nos trabalhos anteriores, mas, na minha opinião, uma dose maior de peso seria muito bem-vinda.
“Raindancer”, “Fly as One” e “Cosmovision” mantêm o equilíbrio entre peso e melodia, enquanto “Eldritch War” confirma por que foi um dos singles escolhidos — rápida, com refrão forte e execução afiada. Já “Bedtime Stories” e “Eye of the Tribe” exploram nuances mais climáticas, mostrando que o Tierramystica também sabe respirar quando precisa. O desfecho com “Beyond the Cape of Storms” e “Death Whistle” eleva a densidade e reforça a sensação de jornada, característica que sempre acompanhou a banda.
Trinity não tenta reinventar o Tierramystica; ele reafirma o que o grupo faz de melhor e apresenta essa estética com mais precisão e segurança. É um álbum sólido, bem construído e que coloca definitivamente a banda de volta ao jogo — não apenas como um nome peculiar no metal brasileiro, mas como um projeto com discurso, estética e personalidade próprias.
Um retorno convincente e, acima de tudo, necessário.
A edição em CD lançada pela Voice Music vem com luva protetora, encarte de 12 páginas com as letras e inclui três faixas bônus, que são versões alternativas para canções presentes no disco.
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