O MP3 e o vinil


Por Tiago Rolim
Colecionador
Collector´s Room

A música é das formas de arte talvez a mais sublime, pois nos proporciona emoções de diferentes maneiras e de várias formas. Como também são muitas as formas de se ouvir música, especialmente nos dias que correm. Parece que foi ontem, mas já faz dez anos que o MP3 começou seu lento e irrefreável domínio sobre a indústria fonográfica,
para o bem e para o mal. O que isso quer dizer? Bem em primeiro lugar que o MP3 já não é mais novidade, e como tal deve ser encarado, pela indústria, do mesmo modo que são encarados os CDs, vinis e as antigas fitas, ou seja, como uma mercadoria que deve ser vendida em vista da obtenção de lucros. Afinal, música é um negócio como outro qualquer.

E como negócio o MP3 deve ser um ponto interessante para a indústria musical, pois pela primeira vez ela não estava no controle e sim moleques de 19 anos, como Shawn Fanning, que criou o Napster e deflagrou o mundo moderno no que diz respeito à música e a maneira dela ser consumida, ao mesmo tempo em que fez os músicos se ve
rem forçados a voltar no tempo, pois não se fazem mais fortunas apenas com venda de discos. O que resta são os shows, coisa que antigamente era normal, pois não existiam o comércio de discos, que só ficou realmente popular na metade do século passado.

Voltando ao MP3, ele é das formas de ouvir música talvez a pior de todas. Descontando a sua praticidade e a possibilidade de ter acesso a músicas que antes seriam impossíveis de se achar nos moldes convencionais - ou seja, comprando CDs ou gravando de algum amigo que tenha -, nada mais é relevante nele. Perde-se em qualidade de som, se bem que nos dias atuais isto está mudando, mas mesmo assim o MP3 ainda carece de melhor qualidade sonora. Um outro fator importante que as novas gerações não têm acesso é o de ouvir um disco com prazer, lendo encartes, saboreando uma capa bem feita, cheia de detalhes que só são vistos com o tempo. Tudo isto se perdeu, talvez para sempre. Pois as gravadoras lentamente estão obtendo sucesso na forma de comercializar o MP3, mesmo que de uma forma amadora, o que não deixa de ser surpresa, pois por muito tempo isso foi deixado de lado. Elas agora estão se organizando e timidamente conseguindo acertar as contas com o MP3.

Mas, mesmo depois desta aparente vitória em relação ao MP3, as gravadoras resolveram agora dar mais um tiro no pé, pois notaram que nem todos são entusiastas do MP3, e até mesmo depois de decretarem a morte dos CDs perceberam que muitos sentem falta dos velhos ‘bolachões’. Então, na ânsia de ganhar mais uns trocados, estão tentando revitalizar o vinil para este público, que em sua maioria são pessoas mais velhas com poder de compra maior do que os adolescentes que consomem MP3 com apetite feroz e descontrolado. Notícia que por si só é maravilhosa, pois quem tem mais de 30 anos e consome música como paixão está muito feliz, mas ao mesmo tempo em que isto é bom, pois estamos vendo uma avalanche de vinis lindos e bem feitos nas lojas de tudo mundo, pelo menos aqui no Brasil isto se torna um problema: aonde ouvi-los? Sim, pois não se encontram aparelhos de som que toquem vinil nas lojas com facilidade, e quando se acha os preços são proibitivos para se dizer o mínimo, pois são,em sua maioria, importados. Nem as boas e velhas vitrolas se acham mais!

Aí cabe a pergunta: será que ninguém pensou nisso? As gravadoras mais uma vez mostram sua face burra e prepotente. Se for vinil que vocês querem, sem problema; a gente faz, cobra um preço absurdo por isto e vocês que querem paguem para nós e ponto final. Só que o consumidor mudou muito nestes dez anos. O que antes era imposto e pronto, hoje não funciona mais, pois existem o MP3 e a internet que tudo dá e tudo pode. Se ele achar que o preço do vinil está muito caro, deixa de comprar. Se perceber que não adianta comprar pois não vai ter aonde ouvir, deixa de comprar da mesma maneira.

É legal tentar dar opções ao consumidor de ouvir sua música nos moldes que ele quiser, mas também se deve pensar em dar ao mesmo consumidor as ferramentas necessárias para isso. Por que senão, corre-se o risco dessa breve ressurreição do vinil terminar cedo demais, o que seria uma péssima notícia para os colecionadores.

Comentários

  1. "o MP3 já não é mais novidade, e como tal deve ser encarado, pela indústria, do mesmo modo que são encarados os CDs, vinis e as antigas fitas, ou seja, como uma mercadoria que deve ser vendida em vista da obtenção de lucros. Afinal, música é um negócio como outro qualquer."
    Negativo, cara. Ela só é negócio para quem a trata assim. A distribuição e a produção do material fonográfico (o registro da música) até podem ser um negócio, mas a música não é uma mercadoria. A música é arte acima de tudo e nisso vc se contradiz ainda no primeiro parágrafo. Como um paralelo: pintar um quadro não é um negócio. Agora, vendê-lo, caso alguém o deseje comprar, sim. Mas há quem trate de pintar quadros numa escala industrial e colocá-los a venda, independentemente se aquilo realmente o representa ou deseja comunicar algo com quem o observa. Com a música é a mesma coisa no meu entender.
    Discordo também a respeito de que o mp3 é a pior de todas as formas de se ouvir música. Ganha de 10 a 0 da fitinha cassete e, dependendo de como é gerado, é exatamente idêntico ao CD. Também acho exagero a gente afirmar que todas as pessoas que compram (ou compravam) Cds ficam horas e horas olhando encartes. Isso varia muito de pessoa para pessoa. Acho que essas generalizações presentes no seu texto é que o enfraquecem.
    Acho que a grande questão do mp3 e a derrocada da indústria fonográfica, que tenta se adaptar a nova realidade, coincide e toma muita força com a crise criativa que a música (principalmente os estilos musicais consolidados nos anos 50, 60 e 70) atravessa.
    Ronaldo

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  2. Concordo com o Ronaldo, e quanto a volta do vinil, é fato de que os aparelhos modernos para tocar vinil tem preços exorbitantes, mas ainda é possivel achar aparelhos em bricks. O meu é um desses, não é uma maravilha, mas ta tocando. Obviamente, quando eu puder comprar um desses com leitor à lazer, ótimo,mas agora não da.

    E o preço dos relançamentos em vinil no Brasil é ridicularmente pornográfico! Fui na Livraria Cultura sábado e o "Longe demais das capitais" estava 89,90!!! Absurdo.

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  3. Não gosto de demonizar o MP3. Ele foi muito importante para mim durante a época da faculdade em que não tinha grana o suficiente para satisfazer minha vontade de conhecer nova bandas e estilos. Eu conheci o progressivo por meio do MP3. Lembro-me de passar madrugadas inteiras baixando discos pelo Napter, Kazaa e Soulseek. Hoje ainda tenho MUITA coisa em MP3, mas tenho mais condições de comprar o que eu quero. E devido ao MP3 não compro nada que vou me arrepender depois. Compro só coisa que gosto. Porém as praticas de comprar discos e baixar MP3, no meu caso, andam juntas.

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  4. "Ganha de 10 a 0 da fitinha cassete e, dependendo de como é gerado, é exatamente idêntico ao CD." Nunca! Jamais! A midia analógica seja a fita k7 ou vinil sempre será superior às Midias digitais. Eu já tenho uma experiência de anos em comparar mesmos títulos em diferentes mídias, e sempre achei o som do vinil ou da k7 gravada dele com mais graves, agudos mais fortes que não incomodam o ouvido, e o som mais "próximo" - a mixagem fica diferente. Comparar o som do vinil com o MP3 é sacanagem! Indo além, até onde eu sei, ninguem foi capaz de inventar um software que transforme arquivos de wave em mp3 sem perda de audio. A teoria portanto já prova que isso é impossível, e na prática é uma questão individual mas eu não sou surdo. O máximo que conseguiram foi a invenção de outros formatos para arquivos de música sem perda de audio - os lossless da vida. Aí a qualidade é a mesma do CD, mas não acredito que esse formato reproduza o som do vinil com a mesma fidelidade, pois não mantém o funcionamento analógico. A dica para quem preza qualidade sonora é comprar os vinis de 180 gramas. Já entrei de cabeça e consegui um aparelho com saída USB do fabricante coreano ION. Uma maravilha! Não caia no ledo engano de achar que o som do CD remaster é igual ou melhor que o som do vinil, sem falar que a qualidade das remasterizações varia de mais... A única vantagem do MP3 pra mim é o acesso sem limites à música e a possibilidade de gravar uma grande quantidade de arquivos de audio num cd para se ouvir no carro. Torço para que o vinil volte com força total e em São Paulo uma fábrica está em atividade há pouco tempo. A minha próxima isca será o Humble Pie Smokin` 180 gramas... Luciano

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  5. Bom, ninguém pode menosprezar o mp3, toco guitarra há uns 17 anos, sempre tive o bom hábito de ouvir minuciosamente uma gravação, sou do tipo que encosta o ouvido no alto falante para tentar ouvir detalhes obscuros das músicas, já tive aulas e fui amigo do maior transcritor de guitarras deste país, Rogério Scarton, e posso afirmar com a propriedade de um analista de informática e músico que sou, que o mp3 apresenta perda sim de qualidade em relação ao cd, assim como o cd perde em qualidade para o vinil também, porém a diferença é mínima, mesmo porque, na compactação (entenda como ato de ripar), o que o algoritmo mpeg audio layer 3 faz é descartar algumas frequências, diria que a maioria delas inaudíveis pelo ouvido humano, ou seja, o resultado final é fantástico, pois em um arquivo bem pequeno há uma perda também muito pequena de qualidade, se tiverem dúvidas, façam o teste, ligue a saída da placa de som do seu computador em um aparelho de som convencional com entrada auxiliar, ouçam uma gravação em mp3 extraida na melhor taxa de amostragem possível (320kbps) e depois ouçam esta mesma gravação no cd original de onde foi extraido o mp3, a reprodução deve ser feita no mesmo aparelho de som e com a mesma equalização, depois tirem suas próprias conclusões. Nunca fui dono de uma situação financeira estável a ponto de poder comprar todos os discos que eu gostaria, aliás tenho muito poucos títulos originais, mas fiquei muito feliz com o fato da Internet e o mp3 me proporcionarem a possibilidade de ouvir todos os sons que eu sempre sonhei conhecer e que nunca tive acesso.

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  6. Adoro MP3....mas nada se compara a um CD bem produzido ou um LP de qualidade (principalmente os de 180 gramas que sempre foram raros no Brasil) tocando em um bom aparelho de som....é outra coisa....Agora não poderia deixar de comentar a loucura da industria fonográfica...cada vez mais se afogando e afogando em ignorancia....será possivel que em plena era do consumo gratis de música eles ainda não perceberam que não podem cobrar mais estes preços exorbitantes...estão segregando cada vez mais os que curtem uma midia fisica...

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  7. O bom daqui é que as opiniões diferentes são respeitadas e assimiladas. Posso ter entrato sem querer em contradição no que se refere a música como negócio. Mas acho sim, que a musica é um negócio altmente rentavél, caso não fosse não haveria tantas bandas buscando um lugar ao sol para que possam viver so de musica. Possoaté dar um xemlo recente: ia desse via em um domingo na MTV um clipe de uma banda nova. Gostei e fui no MySpace dela ouvirmais um pouco do seu som. Entrei em contato com ela e comprei os seus cd's. Ou seja iz negócio com a banda. Neste sentido a música é sim um negócio e não há mal nenhum nisso. E quanto ao MP3 anda acho que a sua maior vantage aida é a póssibilidade de ouvir de tudo no mundo simplesmente com poucos toques em 1 teclado.

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  8. É lógico que a música é uma mercadoria que nos é vendido como um obra de arte com açgumas diferenças que varai m de estilo para estilo e ouvintes que as vezes são muito românticos entende?
    Agora o aparelho para tocar vinil custa caro no Brasil nos paíese de origem como o Profile LPBR da Ion custa 130 dolares eu sei porque comprei um e os disco de vinil também custam carissimos porque porque são importados enquanto nos países de origem nãocustam nem metade doque pagamos em real e um exemplo disso é que eu paguei por um LP versão deluxe do Metallica o Master Of Puppets 35.97 doláres já com o frete incluso via amazon.com e o mesmo em reais me custou R$ 64,75 e detalhe no mercado livre o mesmo disco numa versão simples estava custando R$ 130,00 e detalhe qualquer disco simples do Black Sabbath em versão 180 gms capa dupla varia entre 17 e 19 dolares a diferença é que no EUA ou Europa você não tem um governo que fica sentando o dia numa cadeira sugando você em impostos vide qu metade do ano trabalhos para paga-los ou seja financiamos a corrupção é fato.
    Então por isso um disco custa caro pelo seguinte se voc~e importar até 509 doláres você não paga imposto desde que seja feito de sua casa caso ultrapasse essa cota ai vem os impostos eu estou falando isso porque importei alguns discos e poucas semans depois apareceu uma carta do correio para pagar as taxas que são altissimas e para quem vende e tem loja o cara tem que colocar um lucro naquilo pois uma empresaa não faz milagres coisa queos brasileiros ainda não aprenderam e ficam chamando os outros de ladrões.
    E outra quem disse que esses caras pensam no Brasil quando lançam esse material eles o fazem para o mercado interno deles pois até onde eu me lembre os norte americanos e europeus nunca deixaram de ouvir o vinil e no Brasil quando lançaram o cd os espertalhões inundaram os sebos com discos por causa da novidade que se instalara de maneira fulminante relegando ao vinil o titulo velharia que deveria ser jogada fora pena que as pessoas no Brasil sejam ignorantes demais para fazer esse tipo de coissa só para se sentirem "modernos".
    Aio eu penso o seguinte porque a sony vai lançar um produto que não vende no Brasil e isso é simples o pessoal aqui prefere baixar sem pagar achando que está sendfo esperto e uma coisa que eu tenho certeza isso não vai durar para sempre. --
    E o público que curte vinil está em todas as faixas etárias é algo que passa de amigo para amigo e de familiar para familiar enfim é uma questão social e psicologica de auto afirmação e etc...
    Mas uma coisa eu afirmo o mp3 seria importante se as pessoas fizessem o download para saber se vale ou não comprar esse ou aquele disco e não para darem uma de espertinhos e levarem de graça e se vangloriar como se fizem algo muito inteligente.
    E para o dono deste texto seja mais inteligente e menos idiota e não generalize o Brasil não é os EUA e nem Europa então essas bobagens que você disse meu caro não servem para nada e o cumulo é dizer que os adolescentes só consomen cd's é outra bobagem enorme.
    e outra falem o que quiserem ou chorem oquanto quiserem no Brasil tudo é mais caro e sempre vai ser aifnal de contas o país é grande e PESADO demais e isso se reflete numa série de coisa que eu já escrevi aqui e para terminar A MÚSICA SEMPRE UM NEGÓCIO E NÃO É VERGONHA NENHUMA VERGONHA É ROMANTIZAR O OBVIO
    E detalhe tem outra coisa que vai ficar pior ainda as gravadoras vão parar de colocar no mercado uma série de discos cadê os cd's do Rush faz anos que não vejo uma versão nacional só importado isso sem falar em muitas outras por exemplo tem redes que nem os lançamentos colocam mais nas prateleiras ou quando colocam é máximo umas 4 cópias dependendo da banda é uma só.

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