The Big Four: Live From Sofia, Bulgaria (2010)


Por João Renato Alves
Jornalista e Colecionador
Collector´s Room

Cotação: ****1/2

O momento que muitos esperaram. A turnê definitiva do thrash metal norte-americano, unindo seus quatro maiores representantes em cima do mesmo palco! Várias definições poderiam ser dadas, assim como as mais diversas análises pré-concebidas poderiam ser feitas.

Mas o que interessa é conferir o DVD, registrado em Sofia, Bulgária, no dia 22 de junho desse ano.

Portanto, nessa resenha faremos como Jack, o Estripador - ou seja, vamos por partes.


Abrindo o espetáculo, uma banda pelo qual sempre tive um carinho especial. Mesmo não tendo atingido a popularidade das outras componentes do quarteto, o bom humor e a pegada certeira de Scott Ian e sua trupe sempre me cativaram. Mais uma vez de bem com Joey Belladonna, o grupo detona tudo em seu curto setlist. Charlie Benante e Frank Bello são verdadeiros monstros. A precisão de ambos espanta. O vocalista compensa o que o tempo tomou de seu fôlego com dedicação. E ainda se dispôs a cantar um som de seu substituto, John Bush, o hino “Only”.

Aliás, tá aí uma banda que eu adoraria que tivesse ficado com dois cantores, pois ambos fazem seus trabalhos de maneira estupenda, cada qual com suas próprias características. E há coisas que Bush fazia que só ele pode oferecer, como fica claro aqui. Rob Caggiano é figurante em termos de atuação no palco e desempenha sua função com competência.

Aquele desfile de clássicos já esperados e uma inserção de “Heaven and Hell” durante “Indians” para homenagear Ronnie James Dio é o que encontramos. O evento já começa em temperatura máxima!

1. Caught in a Mosh
2. Got the Time
3. Madhouse
4. Be All, End All
5. Antisocial
6. Indians/Heaven and Hell
7. Medusa
8. Only
9. Metal Thrashing Mad
10. I Am the Law


Sob chuva torrencial, eles entram calmamente no palco. Dave Mustaine solta um "
here we go" e despeja o riff de “Holy Wars”. Tudo conforme o script – menos o que Chris Broderick fez com o interlúdio de Marty Friedman. Aliás, sempre tenho facilidade para assimilar formações diferentes nas bandas que gosto. Mas, nesse caso específico, confesso que em alguns momentos senti falta do poder de fogo dos músicos posteriores a Broderick e Shawn Drover. A competência está lá, até porque Mustaine não escolheria incapazes para estar ao seu lado, mas em alguns momentos parece que falta algo.

Mesmo assim o show é mais do que digno, tanto nas velharias como na nova “Head Crusher”. Quem não gosta do vocal do líder do grupo – especialmente ao vivo – tem tudo para manter sua opinião, embora claramente algumas coisas tenham sido consertadas posteriormente – o chamado overdub come solto.

Mesmo com alguns pormenores, o Megadeth manteve o alto nível do festival. E após os regenerados Dave Mustaine e David Ellefson, chegava a hora dos portais do inferno se abrirem e os demônios adentrarem o recinto.

1. Holy Wars... The Punishment Due
2. Hangar 18
3. Wake Up Dead
4. Head Crusher
5. In My Darkest Hour
6. Skin O’ My Teeth
7. A Tout Le Monde
8. Hook In Mouth
9. Trust
10. Sweating Bullets
11. Symphony of Destruction
12. Peace Sells/Holy Wars Reprise


Chega a ser assustador ver que o céu começa a escurecer justamente quando eles entram em cena. A única atração a comparecer com 100% de sua formação clássica, o Slayer é daqueles casos que nem precisa comentar muito. Quem já teve a oportunidade de conferi-los ao vivo sabe muito bem o poder de fogo. Um verdadeiro massacre sonoro, que fica ainda mais avassalador quando o incomparável Dave Lombardo está no comando das baquetas. É impressionante como esse cidadão faz com que qualquer espancamento de peles seja a coisa mais trivial do mundo. Sua face serena enquanto dá aquelas viradas que bem conhecemos chega a ser surreal.

Tom Araya é o mestre de cerimônias ideal para o massacre. Com sua camiseta da seleção chilena de futebol, pouco se comunica com o público, priorizando a música. Ficou a impressão de um certo cansaço quando o fim chegava. Mas é algo compreensível, vide os problemas de saúde que passou recentemente. A dupla Kerry King e Jeff Hanneman – esse último cada vez mais um ‘vovô metal’ – continua afiada.

As novas músicas, como “World Painted Blood” e “Jihad”, cumprem seu papel com eficiência. Mas é nas clássicas como “War Ensemble” e o quarteto que encerra a apresentação que o bicho pega pra valer, com o público se matando nas rodas e batendo cabeça desenfreadamente.

Ah, e quando o show acaba o sol volta a brilhar. Tenso ...

1. World Painted Blood
2. Jihad
3. War Ensemble
4. Hate Worldwide
5. Season in the Abyss
6. Angel of Death
7. Beauty Through Order
8. Disciple
9. Mandatory Suicide
10. Chemical Warfare
11. South of Heaven
12. Raining Blood


Podem falar o que quiserem sobre o Metallica e aquilo que eles apresentam em seus álbuns mais recentes. Mas em qualquer época de sua carreira, a banda sempre detonou ao vivo. Não seria agora que decepcionariam, afinal de contas a competição era grande – e não adianta, esse é um elemento presente em qualquer situação, imagine em um evento desse porte. Por isso, James Hetfield, Kirk Hammett, Robert Trujillo e Lars Ulrich mostraram a todos quem eram os ‘donos do campinho’ e tomaram conta do estádio desde o primeiro acorde.

Como teve o maior tempo de palco disponível, o grupo pôde fazer um setlist mais abrangente. Apenas
Load e St. Anger não foram lembrados, por motivos que devem soar um tanto quanto óbvios. Até porque mesmo “Fuel” sendo a mais agressiva música que a banda compôs na era Load / Reload, teve que ganhar um pouco mais de peso para se adaptar aos clássicos e às faixas de Death Magnetic.

Mas o que todo mundo queria ver acontece em “Am I Evil?”, quando a turma toda se junta no palco para uma jam que definitivamente eterniza o Diamond Head no posto de Van Gogh do heavy metal.

Assim terminava (na verdade ainda rolam dois hinos do Metallica, mas enfim) um dia mágico, que foi conferido em cinemas ao redor do globo.

1. Creeping Death
2. For Whom the Bell Tolls
3. Fuel
4. Harvester of Sorrow
5. Fade to Black
6. That Was Just Your Life
7. Cyanide
8. Sad But True
9. Welcome Home (Sanitarium)
10. All Nightmare Long
11. One
12. Master of Puppets
13. Blackened
14. Nothing Else Matters
15. Enter Sandman
16. Am I Evil?
17. Hit the Lights
18. Seek and Destroy


De bônus, um mini-documentário com cenas de bastidores, entrevistas e os ensaios para a jam session. Não há muito mais a ser dito, na verdade. Item essencial na prateleira de qualquer headbanger que se preze.

Comentários

  1. Eu ainda preferia que o Testament estaria no lugar do Megadeth hehe

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  2. Recebi na sexta o meu box e apesar de ter sido taxado em 108 reais (me ferrei nessa), vale cada centavo. Eu tinha algumkas ressalvas em relação ao Anthrax ao vivo hoje em dia, mas foi muito bom. Em relação às outras bandas não preciso dizer nada.
    Seria muito bom uma turnê deles por aqui.

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