Mr Big - What If ... (2011)


Por João Renato Alves
Jornalista e Colecionador
Collector´s Room

Cotação: ****

Acabou a espera! Após nove anos do último trabalho de estúdio (Actual Size, de 2001, com Richie Kotzen na guitarra) e quatorze do derradeiro lançamento de inéditas da formação original (Hey Man, de 1996) o Mr. Big está de volta. E What If ... tem tudo para agradar os fãs da banda, pois traz aquilo que se esperava e, mesmo assim, não soa previsível em nenhum momento. Produzido por Kevin Shirley, o trabalho soa moderno sem desligar o quarteto das características que o consagrou. Como a ocasião é pra lá de especial, vamos fazer as coisas de modo diferente. Vem aí um faixa-a-faixa:

“Undertow”– Primeira música de divulgação, já era conhecida graças ao seu videoclipe, que vazou há alguns dias. Som clássico com leves toques atuais, lembrando a batida de “Take Cover” sem soar como mera cópia. Hit certeiro!

“American Beauty”– A dupla dinâmica Paul Gilbert e Billy Sheehan apresenta suas armas em um hard que é a marca registrada do grupo. E tome 'bululus' da melhor qualidade, no melhor estilo “Colorado Bulldog” – embora não tão acelerada.

“Stranger in My Life” – Outra que foi mostrada recentemente em versão acústica, executada por Eric Martin e Billy, agora surge em sua forma completa. Uma balada densa, com certo toque de melancolia em sua execução. Indicada para momentos de fossa.

“Nobody Left to Blame” – Certo tom 'zeppeliniano' na junção de violões e guitarras no início, mesclado com doses de peso na medida certa, compõem uma mistura bem interessante. Pat Torpey e Billy Sheehan mostram porque formam uma das melhores cozinhas da história do hard rock.

“Still Ain't Enough For Me” – Rock and roll de primeiríssima! Acelerado, visceral, simples e direto. Daquelas faixas que a gente ouve batendo o pé e chacoalhando o esqueleto no ritmo. Outra performance instrumental irrepreensível, com direito a duelo à la “Addicted to that Rush”.

“Once Upon a Time” – Uma pegada mais tradicional, chegando a lembrar Kiss, Van Halen e afins durante a audição. Boa canção, com bela demonstração de habilidade de Paul, que consegue expor sua técnica sem ser pedante. Indicada aos puristas.

“As Far As I Can See” – Peso e cadência em um grande momento de Eric Martin, vocalista muitas vezes criticado, mas um dos poucos de sua geração a conservar sua voz como nos velhos tempos. Refrão com certo tempero pop que casou perfeitamente.

“All the Way Up” – Semi-balada que causará aquela sensação inevitável de 'déjà vu'. Cara de hit radiofônico e trilha de novela nos anos oitenta. Apesar de não acrescentar nada, vale pela bonita melodia.

“I Won’t Get in My Way” – Mais um momento de inspiração buscado diretamente no passado. Caberia em um dos primeiros discos tranquilamente. Ritmo mais agitado, dando uma renovada nos ânimos.

“Around the World” – E lá vem Billy Sheehan humildemente arrasar mais uma vez! Não apenas em sua arte de debulhar o baixo, mas também mandando ver nos backing vocals junto de Gilbert. Um verdadeiro ataque (no bom sentido) aos ouvidos dos fãs.

“I Get the Feeling” – Encerrando o tracklist normal, um riff simples e pegajoso dá a partida para uma bela melodia, que no refrão resvala no AOR. Por sorte, se apega às boas influências do estilo, sem apelar para o banal. Um final digno!

“Kill Me With a Kiss” – A inevitável faixa bônus japonesa (onde todo ano eles gravam um ao vivo) explicita ecos de classic rock, impressão aumentada graças aos vocais e a um piano muito bem executado. Um bom momento, vale como curiosidade para os colecionadores.

Se você espera o melhor disco da carreira do Mr. Big, se decepcionará – até porque ele já foi feito faz tempo, é só escolher algum dos primeiros trabalhos. Mas se busca simplesmente um bom disco de hard rock feito por quem realmente entende do assunto, What If ... é uma ótima pedida.

Uma volta mais do que saudada, apesar de Kevin Shirley continuar sendo uma pedra no sapato das bandas que produz, em minha modesta opinião.


Faixas:
1. Undertow
2. American Beauty
3. Stranger in My Life
4. Nobody Left to Blame
5. Still Ain't Enough For Me
6. Once Upon a Time
7. As Far As I Can See
8. All the Way Up
9. I Won’t Get in My Way
10. Around the World
11. I Get the Feeling
12. Kill Me With a Kiss (Japan Bonus Track)

Comentários

  1. Não sou muito fã desse estilo, como vocês sabem, mas gostei bastante do disco, me surpreendi positivamente.

    Um ótimo disco, com uns lances que lembram algumas passagens do Van Halen na época Sammy Hagar.

    Recomendo!

    ResponderExcluir
  2. Onde eu posso comprá-lo? Eu sei que só lançou no Japão, porém, como voce ouviu? Há como importá-lo? Obrigado.

    ResponderExcluir
  3. O disco vazou.

    Não sei se já é possível encontrá-lo em lojas, acho que não.

    Acesse a Combe do Iommi que lá tem o CD para download.

    Abraço.

    ResponderExcluir
  4. O CD pode ser comprado na CD Japan ou no site da Frontiers. Mas em janeiro ele será lançado aqui no Brasil pela Wet Music!

    ResponderExcluir
  5. Vazou! Maravilha! Não vou dizer que sou grande fã do Mr. Big, mas é inegável que os caras são muito bons, principalmente Paul Gilbert, o qual considero o melhor guitarrista do gênero.

    Abraço

    ResponderExcluir
  6. Faz tempo que não escuto Mr. Big...vou procurar.Quando ao comentário sobre a produção do Kevin Shirley, mesmo sem ouvir o disco, concordo. Assim como o Rick Rubin fez quando produziu o AC/DC, acho que ele não acrescenta nada e na minha opinião. Sou fã do Iron Maiden e no Final Frontier o som da bateria acho fraco..E saudade do Martin Birch..esse deveria sair da aposentadoria..

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.