Review: Rebel Machine - Nothing Happens Overnight (2016)



O mercado musical brasileiro é peculiar. Pra começar, não existe música pop aqui no Brasil. O mais próximo que chegamos disso é com nomes como Anitta. A música pop brasileira é o sertanejo universitário. Os ícones pop do nosso país são nomes como Gusttavo Lima e seus clones. O que toca nas rádios, nas festas, nos celulares e nas ruas é uma música extremamente limitada harmonicamente, repetitiva, amorfa e com letras (não sei se seria esse o termo correto, mas vá lá …) que parecem escritas por uma criança de 3 anos com sérias dificuldades de desenvolvimento e aprendizagem.

Enquanto isso o rock, que nas décadas de 1980 e 1990 era o protagonista desse mercado pop, que era o gênero que definia a música jovem produzida no Brasil, foi varrido pra baixo do tapete. Não se fala mais em rock and roll nas rodas populares. Não se toca mais rock nas rádios - e há tempos (e as tais “rádios rock” não ajudam em nada, já que vivem em um loop eterno revezando “Smoke on the Water”, “Paranoid" e “Stairway to Heaven” ad infinitum). 

Quer dizer então que o rock morreu aqui no Brasil? Não, muito pelo contrário e está longe disso. Existe toda uma geração de bandas, toda uma leva de nomes, que segue produzindo rock de qualidade por todo o país. O atual rock brasileiro, o novo rock brasileiro, passa longe de nomes que eram associados com o gênero em anos recentes (alguém aí falou Fresno, Pitty e afins?) e caminha por sonoridades variadas. Temos nomes como Selvagens à Procura da Lei e El Efecto, que já estão consolidando seus nomes entre os ouvidos mais atualizados. E também cenas locais cheias de novidades que dão gosto de ouvir.



É o caso de Porto Alegre. O Rebel Machine é um quinteto natural da capital gaúcha, formado recentemente. Com Marcelo Pereira (vocal), Murilo Bittencourt (guitarra), Marcel Bittencourt (baixo) e Chantós Mariani (bateria), soltou seu primeiro disco no final de junho. Nothing Happens Overnight tem produção da própria banda e foi lançado de forma independente. O som é um rock and roll energético influenciado por nomes como The Hellacopters e Danko Jones, que surpreende pela qualidade acima da média para um disco de estreia (pra falar a verdade achei o álbum excelente, um dos melhores trabalhos em que coloquei meus ouvidos neste ano até agora).

São oito faixas muito bem construídas e cativantes, diretas ao ponto e que incitam a audição contínua. Totalmente cantadas em inglês, as composições certamente irão surpreender quem anda afastado do atual rock produzido aqui no Brasil, achando que nada de bom anda sendo feito. Basta ouvir o Rebel Machine para perceber o quanto essa afirmação soa equivocada.

O mercado musical brasileiro é peculiar. E um exemplo disso é o fato de um álbum com a qualidade de Nothing Happens Overnight não causar um rebuliço entre os ouvintes. Acredite: se você gosta de rock, este será um dos seus discos favoritos de 2016!

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